quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MITO DE PAPEL

 
Sob o titulo acima o sociólogo e doutor em Geografia Humana Demétrio Magnoli escreve em "O Globo" de hoje, destilando o seu pensamento dentro daquilo que estamos acostumados a ler na mídia que domina o Brasil nos dias de hoje, apelidada de PIG por muitos leitores das mais variadas condições sociais, que não gostam da tentativa de ter seus pensamentos direcionados por interesses suspeitos.
Diz o sociólogo que "Lula, aos 65 anos, a figura que deixa o Planalto cumpre uma profecia do General Golbery do Couto e Silva, o "mago" da ditadura,segundo ele, que enxergara no sindicalista em ascensão o "homem que destruirá a esquerda no Brasil".
Sobre isto temos que discordar do doutor em Geografia Humana, em primeiro lugar porque quem iniciou o fim da esquerda no Brasil foi Fernando Henrique Cardoso, até disto ele foi capaz.
Primeiro disse que não acreditava em Deus, sentou na cadeira que pertenceria a quem ganhasse a eleição que disputou com Jânio Quadros, perdeu e depois disto "mudou" seu pensamento e afirmava crer em Deus para ganhar as próximas eleições que disputou.
Depois, no governo que conquistou como candidato do PSDB/DEM, rasgou todo o seu discurso radical de esquerda e administrou como um neoliberal, defensor do capitalismo, e na parte social não fez praticamente nada, foi um subserviente do FMI, não merecendo praticamente nenhum reconhecimento mundial, e o pouco que se diz realizado em sua administração se deve a atuação de sua esposa, Dona Ruth Cardoso.
E a tentativa da oposição de querer impor o pensamento de que Lula deve tudo ao que FHC fez é uma utopia, só eles acreditam ou fazem acreditar nisto, o povo não acredita, não adianta, é o caso daquele cara que diz "eu sou o bom", não é ele que tem que dizer, são as pessoas que o conhecem.
Diz Demétrio "Lula foi o expoente do novo movimento sindical aos 30, líder de um partido de massas aos 40, presidente salvacionista aos 60 e virou mito aos 65, no entanto feito de papel. Vive nos ensaios dos intelectuais que se rebaixam voluntariamente à condição de áulicos e nos artigos de jornalistas seduzidos pelas aparências ou atraídos pelas luzes do poder". Quanta bobagem. O doutor Demétrio pensa, aliás como pensam todos os que se julgam maiores do que tudo, os mais qualificados, os mais inteligentes que só ele sabe quem esta certo ou errado, os intelectuais que declararam apoio a Dilma Roussef não merecem reconhecimento algum, desmerecendo pessoas como Leonardo Boff, Chico Buarque, Hugo Carvana, Alcione, Beth Carvalho e tantos outros.
E os jornalistas seduzidos na opinião de Doutor Demétrio? Certamente não são os que atuam nas organizações Globo, no Estadão (veja-se o caso da demissão vergonhosa de Maria Rita Kehl), na Folha de São Paulo, na revista Veja, porque estes, se não tiverem seu pensamento, pelo menos no que escrevem, afinados com os proprietários serão demitidos sumariamente, e os outros escrevem livremente através de seus blogs, onde não são submetidos a situações muitas vezes vergonhosa.
Diz ainda o doutor de Geografia Humana que "as águas que confluem para a mitificação de Lula  partem de dois tributários principais, o primeiro pela vertente dos intelectuais de esquerda que renunciaram às suas convicções básicas, eles retrocederam à trincheira de um antiamericanismo primitivo...".
É preciso que o doutor entenda que os intelectuais de esquerda não são, com certeza, menores do que os intelectuais de direita e que o antiamericanismo de há muito não existe mais, isto é dos tempos da guerra fria, quando os americanos apoiavam a ditadura das elites que estava para ser instalada em 1964, colocando sua 4ª esquadra em prontidão em nossas águas para qualquer eventualidade e, diga-se de passagem, atrasaram o Brasil em 50 anos.
O Doutor Magnoli, deveria pensar um pouco mais ao destilar seu repertório de ofensas à Marilena Chauí que é muito maior do que o sociólogo.
Erra novamente o sociólogo quando levanta o caso da eleição não ser definida no 1º turno, quando fala que um dos fatores determinantes do acontecido foi o ataque à imprensa independente. Mas que independente doutor Demétrio? Nossa imprensa é dependente dos donos dos grandes conglomerados midiáticos, os jornalistas do PIG, para manter seus empregos, escrevem de acordo com seus chefes ou vão para a rua.
Para terminar, a esquerda nunca governou no Brasil, a única vez em que tentou foi com João Goulart que foi cassado por acusações falsas colocadas na mídia golpista, de que o comunismo estaria tomando conta do Brasil, argumento que as elites utilizaram, na falta de outros, para dar o golpe.
FHC, como disse acima, esqueceu seu discurso radical e governou de acordo com os interesses da elite.
Lula, radical com o PT, também esqueceu seu discurso e virou o "Lulinha paz e amor" para conseguir ganhar as eleições, e não o criticamos por ter cortado as asas dos radicais, entendemos que radicalismo não leva a nada.
Mas nós encontramos, contra o pensamento de Doutor Magnoli, países capitalistas que são mais a esquerda do que países assim considerados, em alguns aspectos importantes, que defensores do capitalismo decadente como o nobre doutor, omitem propositadamente. Nos Estados Unidos o mercado de trabalho é valorizado, quem trabalha vive bem, tem seu carro e seu apartamento, o que leva a pessoas de outros países a tentar entrar clandestinamente no País, como os brasileiros assassinados lamentavelmente há poucos dias.
Na Alemanha uma pessoa que precisar ser internada em um hospital é recebida independente de ter plano de saúde ou de ter algo para dar em garantia, é tratada e depois é analisada a questão do pagamento, no Brasil morre na espera. E lá o mercado de trabalho também é valorizado assim como em todos os países capitalistas.
Para o Brasil ser um país capitalista como vocês querem apregoar, em primeiro lugar têm que pagar um salário justo.
Eu apoio um Pais em que todos tenham oportunidades, o trabalho de Dilma terá que ser "hercúleo", distribuir melhor a renda, resolver os problemas de saúde, acabar com a miséria e dar o salto para o futuro através da educação, mas sei que para a direita, isto não é prioridade.
 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MATÉRIA DE FREI BETO

domingo, 10 de outubro de 2010 - Folha de São Paulo
Frei Beto na Folha de São Paulo:
Dilma e a fé cristã.
Por Frei Beto
Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária aos princípios do Evangelho e da fé cristã.
Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte.
Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois,nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos.
Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade. Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.
Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo ; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos.
Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz. Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
FREI BETTO, frade dominicano, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de "Um homem chamado Jesus" (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004,governo Lula).

A GUERRA CAMBIAL (II)

                                       
                                                                       Paulo Nogueira Batista Jr.                  

            Volto à questão da “guerra cambial”. Desde que escrevi sobre o assunto nesta coluna há duas semanas, tivemos a reunião anual do FMI e do Banco Mundial, aqui em Washington. A “guerra cambial” foi intensamente discutida. Como seria de esperar, entretanto, não houve avanços em matéria de coordenação cambial ou soluções “globais”.
            A questão será retomada na reunião ministerial do G-20, na Coreia do Sul, semana que vem, e na reunião de cúpula do G-20, em novembro. Parece fácil prever: haverá calor, mas pouca luz.
            Os Estados Unidos continuarão praticando uma política monetária frouxa, que enfraquece o dólar. A China continuará resistindo a uma valorização substancial do yuan. Os demais países devem intensificar esforços para frear a subida de suas moedas. Formou-se um quadro de “não-apreciação competitiva”, como observou o economista americano Ted Truman.   
            Conseqüência prática: o Brasil precisa dedicar-se com urgência à definição e implementação, em nível nacional, de medidas para evitar que o país seja prejudicado por esses movimentos cambiais. O aumento do IOF de 2% para 4% nas aplicações de investidores estrangeiros em renda fixa foi uma medida correta, porém insuficiente.
            Por que o pessimismo quanto à possibilidade de uma solução global? É que as tensões cambiais têm raiz na situação dos EUA e de outras economias avançadas. Essa situação não irá mudar tão cedo. O problema central é a debilidade da recuperação, o que resulta em níveis muito elevados de desemprego.
            Nos EUA, a política fiscal não produziu os efeitos desejados em termos de reativação da demanda. Há espaço fiscal para introduzir novos estímulos, mas o governo Obama não parece ter condições políticas de seguir esse caminho. Em conseqüência, a responsabilidade de estimular a economia está recaindo sobre os ombros da Reserva Federal. A política monetária tem sido ultra-expansiva. E o banco central prepara uma nova rodada de “relaxamento quantitativo”, o que significa basicamente injeção de liquidez pela compra de títulos públicos.
            Não se espera que a expansão monetária tenha grandes efeitos sobre a demanda doméstica nos EUA. Os consumidores estão endividados, desempregados, subempregados, ou com medo do desemprego. As empresas estão com nível elevado de capacidade ociosa e nível reduzido de confiança.
            Nesse ambiente, a eficácia da política monetária depende sobretudo da depreciação cambial e seus efeitos sobre exportações e importações. A desvalorização do dólar permite que a economia americana ganhe competitividade internacional e cresça ocupando mercados no exterior ou substituindo importações por produção nacional.   
            Contudo, os demais países, a China à frente, não querem aceitar que as suas moedas se valorizem (ou seja, que o dólar se desvalorize). Pretendem preservar sua competitividade internacional e capacidade de exportar.
            O Brasil já fez a sua parte. Permitiu uma expressiva apreciação do real e desequilibrou seu balanço de pagamentos em conta corrente.
            Agora é preciso tomar providências para evitar que prossiga a valorização da moeda nacional. Isso inclui apertar a política fiscal para permitir uma queda dos juros internos, continuar acumulando reservas internacionais e adotar medidas de regulação dos fluxos de capital e de natureza prudencial na área financeira (inclusive no que diz respeito a derivativos).  
            Nelson Rodrigues dizia: “Em todo o casamento, há uma vítima; e há que se fazer todo o possível para não ser essa vítima”. Da mesma forma, pode-se dizer: em toda guerra cambial há vítimas; e há que se fazer todo o possível para não ser uma dessas vítimas.     



Paulo Nogueira Batista Jr. é economista e diretor-executivo pelo Brasil e mais oito países no Fundo Monetário Internacional, mas expressa os seus pontos de vista em caráter pessoal.

Twitter: @paulonbjr     

sábado, 16 de outubro de 2010

MÔNICA SERRA ABORTOU...


A campanha política descambou para a baixaria quando a oposição pautou a discussão de quem seria melhor para o Brasil nas questões do aborto, sigilo fiscal e corrupção.
Certamente não somos favoráveis a este tipo de discussão, a questão do aborto deve ser assunto para as religiões discutirem e, é natural, cobrarem posição dos candidatos, sem exacerbação, o sigilo fiscal também foi comprovado que os dados da receita eram vendidos nas ruas de São Paulo, sem necessariamente serem dados de apoiadores de Serra e quanto à corrupção todos têm telhado de vidro, não é privilégio de ninguém, infelizmente.
Para comprovar que nenhuma destas questões deveriam ter sido levantadas, e provavelmente provas novas virão, agora uma aluna denuncia que a espôsa do candidato José Serra teria abortado.
Estas discussões não levam a nada de positivo, apenas baixam os assuntos à níveis inaceitáveis, o Brasil não merece isto.
Pedimos até desculpas à Mônica Serra, não pretendemos julgá-la, mas a oposição não deveria ter jamais radicalizado nesta questão.     
 
Gilberto Nascimento
Direto de São Paulo
O jornal Folha de S.Paulo publica neste sábado (16) reportagem intitulada "Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex aluna." O texto assinado pela colunista Monica Bergamo ocupa a metade inferior da página 10. A ex-aluna é Sheila Canevacci Ribeiro, de 37 anos, que teve Monica Serra como professora de dança na Universidade de Campinas (Unicamp).
A reportagem de Monica Bergamo descreve, a princípio, frases que Sheila postou em seu Facebook um dia depois do debate na TV Bandeirantes. Na segunda-feira, 11, Sheila dizia em seu perfil no Facebook que escrevia para "deixar minha indignação pelo posicionamento escorregadio de José Serra" em relação ao tema aborto.
Sheila escreveu, relata a Folha de S.Paulo, que Serra não respeitava "tantas mulheres começando pela sua própria mulher. Sim, Mônica Serra já fez um aborto", relatou a ex-aluna em texto republicado por sites e blogs ao longo da semana e que agora teve sua veracidade de autoria confirmada pela Folha.
A colunista Monica Bergamo relata ter conversado não apenas com Sheila, mas também com outra das ex-alunas de Mônica Serra que ouviram o relato da então professora sobre o aborto. À Folha, está dito na reportagem, "a bailarina diz que confirma 'cem por cento' tudo que escreveu" em seu Faceboook.
À colunista Monica Bergamo, Sheila confirmou um dos principais trechos escritos em seu Facebook. Nele, a ex-aluna de Monica Serra desabafa:
"Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre seu aborto traumático".
Em seguida, indagou a ex-aluna de Monica Serra em seu Faceboook e reproduziu a Folha: "Devemos prender Monica Serra caso seu marido fosse (sic) eleito presidente?".
A reportagem da Folha de S.Paulo tem, logo ao lado direito do texto, uma reprodução de santinhos que o candidato José Serra tem distribuído para eleitores. Com a foto do tucano, o santinho é encimado pela citação "Jesus é a verdade e a justiça".
A Folha localizou em Brasília uma colega de classe de Sheila, ela também ex-aluna da esposa do candidato tucano. Professora de dança na capital federal, informa Monica Bergamo, essa segunda ex-aluna concordou em falar sob a condição do anonimato.
A colega de Sheila contou, descreve a Folha, que, nas aulas, as alunas se sentavam em círculos, criando uma situação de intimidade. Enquanto fazia gestos de dança, descreve a Folha, Monica Serra explicava como marcas e traumas da vida alteram movimentos do corpo e se refletem na vida cotidiana.
Segundo a ex-estudante, continua a Folha de S. Paulo, "as pessoas compartilhavam suas histórias, algo comum em uma aula de psicologia. Nesse contexto, afirmou, Monica (Serra) compartilhou sua história com o grupo de alunas. Disse ter feito o aborto por causa da ditadura", informa a Folha.
Prossegue o relato na Folha de S.Paulo:
Ainda de acordo com a ex-aluna, Monica disse que o futuro dela e do marido, José Serra, era muito incerto. Quando engravidou, teria relatado Monica à então aluna, o casal se viu numa situação muito vulnerável.
Depois do golpe militar no Brasil, Serra se mudou para o Chile, onde conheceu a mulher, Veronica. Em 1973, com o golpe que derrubou Luis Allende e levou o general Augusto Pinochet ao poder, Serra e Monica mudaram-se para os Estados Unidos.
À Folha e a Monica Bergamo, Sheila faz questão de manifestar qual é a essência da sua decisão ao falar: "Ela (Monica Serra) não confessou. Ela contou. Não sou uma pessoa denunciando coisas. Mas (ela é) uma pessoa pública, que fala em público que é contra o aborto, é errado. Ela tem uma responsabilidade ética."
A Folha traz ainda, em meio ao material, um ligeiro perfil de Sheila Canevacci Ribeiro. Revela que Sheila diz ter votado em Plínio de Arruda Sampaio e que declara voto em Dilma no segundo turno, ainda que não pretenda votar por conta de uma viagem para o Líbano já marcada.
No perfil que traça de Sheila, a Folha mostra, por outro lado, as ligações da família da ex-aluna de Monica Serra com o PSDB.
Sheila é filha da socióloga Majô Ribeiro, ex-aluna de Eva Blay no mestrado da USP. Eva Blay, foi suplente de Fernando Henrique Cardoso no Senado, informa a Folha. Majô, mãe de Sheila, foi ainda pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais da USP, fundado pela ex-primeira dama Ruth Cardoso (1930-2008).
Militante feminista, Majô, a mãe de Sheila, foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco. Pelo PSDB.
À Folha a socióloga disse estar "preocupada" com a filha, mas afirma - é o relato no jornal - que a criou para "ser uma mulher livre" e que ela "agiu como cidadã".
Sheila é casada com o antropólogo italiano Massimo Canevacci, que foi professor de antropologia cultural na Universidade La Sapienza, em Roma, e hoje dirige pesquisas no Brasil.
A Folha informa ainda que a assessoria de Monica Serra "não respondeu aos questionamentos feitos pelo jornal "a respeito do relato de suas ex-alunas".
Diz ainda que o jornal procurou Monica Serra pela primeira vez na manhã de anteontem (A quinta-feira, 14): "Segundo sua assessoria, ela havia viajado para o Chile e não seria possível localizá-la naquele momento".
Por fim, conta colunista Monica Bergamo, "entre quinta-feira e ontem (sexta-feira, 15) a reportagem telefonou seis vezes e enviou cinco e-mails para a assessoria. Recebeu uma mensagem com a seguinte afirmação: "Não há como responder".

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A MIDIA COMERCIAL EM GUERRA CONTRA DILMA E LULA


                                                                                                           Por Leonardo Boff*

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista  Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e xulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo  respeito devido  à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogressista, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo,  Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros.  Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa se fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concebemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai  ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocolonial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

*teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.


 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A CENSURA DA IMPRENSA QUE NÃO QUER SER CENSURADA

Já temos duas matérias sobre este assunto no blog.


Quarta, 13 de outubro de 2010, 08h13

Sufocando pluralismo jornais estimulam censura

Marcelo Semer
De São Paulo

A demissão da colunista Maria Rita Kehl logo após e em razão de um artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo já seria ruim por si só se representasse apenas um ato de intolerância.
Como lembrou Eugênio Bucci, nas mesmas páginas do Estadão, a intolerância desacredita e desautoriza, sobretudo, o próprio intolerante.
Mas a punição fez um estrago ainda maior. Introduziu, de vez, e pela porta dos fundos, a imprensa no centro do debate eleitoral. É certo que no primeiro turno, o embate que não ocorria entre a candidata favorita que evitava se expor e o candidato de oposição, que evitava se opor, acabou sendo substituído por um debate de alta intensidade entre o presidente da República e a grande imprensa, com acusações mútuas.
Lula atribuía à imprensa o papel disfarçado de partido de oposição e recebia como resposta a pecha de autoritário e censor. O resultado desse custoso confronto foi o de fazer com que jornais, como o próprio Estadão, explicitassem suas preferências na eleição. Por coincidência, o artigo de Maria Rita se iniciava justamente com o elogio à franqueza do jornal, por ter comunicado aos leitores seu apoio a José Serra.
O desgaste político com as declarações do presidente e a contenda generalizada com a grande imprensa provocaram um ambiente exageradamente belicoso e o assunto da parcialidade foi sendo amenizado na campanha petista. Senão por convicção, ao menos por conveniência.
A demissão de Maria Rita Kehl reintroduziu involuntariamente o tema, em especial nas redes sociais, que o vivenciaram de forma intensa e instantânea.
Não se poderá contar a história da eleição de 2010 sem discutir o papel nela desempenhado pela grande imprensa.
E como o debate político entre as duas candidaturas seguiu esvaziado de conteúdo, inclusive pela introdução proposital de falsas questões que o atrapalharam, como o caso do aborto, o tema cresceu de importância.
É mais ou menos como se parássemos o jogo do Brasil, em face uma narração enviesada de Galvão Bueno, ao invés de discutir os gols de Kaká, ou a falta deles. Trata-se de uma regra de ouro do jornalismo, em que o repórter deve evitar, o tanto quanto possível, tornar-se ele mesmo a própria notícia, obscurecendo os fatos que pretendia cobrir.
Mas essa, apesar de tudo, ainda não foi a conseqüência mais drástica do evento.
Um jornal censurado, como o Estadão, que reproduz tal informação diariamente há mais de um ano em suas páginas, como insígnia, jamais podia estimular uma punição pela opinião.
Este é o cerne da liberdade de expressão - que as pessoas não sejam punidas pela exposição de suas idéias.
A liberdade de opinião é o combustível da democracia, mas não é possível tragar a chama apenas para si, sufocando o oxigênio dos demais. No estado democrático de direito, as liberdades não são excludentes.
O jornal Folha de S. Paulo, por sua vez, ajuizou ação para proibir uma sátira realizada por blog independente, que lhe parodiava de forma crítica.
Segundo o jornal, não se trata de censura, mas apenas da defesa de marca.
Não discuto aqui o mérito da ação ou da decisão judicial.
Apenas observo que os políticos que buscam a Justiça para esconder escândalos das páginas dos jornais também alegam que não pleiteiam censura, mas tão-somente preservar a intimidade ou o seu direito à honra.
Sinto-me à vontade para criticar a ambos, pois tenho escrito, inclusive nesta coluna, que é a ação de juízes que revigora a censura na democracia, com as proibições prévias de artigos ou matérias, supostamente justificados pela defesa de reputações.
É preciso criar uma cultura de tolerância e um ambiente de liberdade para a imprensa, justamente porque não há democracia sem ela. Mas quando é a própria imprensa quem estimula o clima de censura e punições, só podemos imaginar que alguma coisa está fora da ordem.
Há quem possa dizer que a colunista não passa de uma funcionária do jornal e pode ser livremente demitida por escrever contra sua linha editorial.
É verdade. Mas trata-se aqui de defender, então, não a liberdade de expressão, e sim a propriedade privada.
Até mesmo a propriedade privada deve atender a sua função social. Isso é mais do que um panfleto ou palavra de ordem, é um princípio constitucional.
É evidente que não se pode controlar o que um jornal publica. Toda forma de censura será, sempre, um exercício arbitrário de poder.
Tampouco é possível exigir objetividade, tal qual se aprendia nos antigos manuais de jornalismo. Mesmo o quem, como, quando, onde, dependem do espectador e as mais diversas influências interferem criando diversidade de olhares. Assim também são os juízes, que interpretam diferentemente as normas, sem que uns ou outros, possam ser culpados por agirem assim.
Por tudo isso, nos resta o pluralismo, como escape e defesa da liberdade. Está em seu exercício a responsabilidade social dos jornais.
O pluralismo é a premissa da liberdade de expressão. Ela existe justamente para garanti-lo.
Somos livres, sobretudo, para expressar nossas diferenças.
Sufocar o pluralismo em nome do exercício da liberdade não é apenas um contra-senso. É um verdadeiro paradoxo.
Nenhuma democracia prescinde do pluralismo. E a responsabilidade dos órgãos de imprensa, livres em uma sociedade livre, é estimulá-lo e não amputá-lo. Os interesses pessoais, empresariais ou mesmo partidários, inclusive durante uma eleição, jamais podem sobrepujá-lo.
O pluralismo é o pai do "outro lado", da contraposição, da alteridade.
É a voz que expressa a opinião que não nos pertence, da qual não gostamos, aquela que mais nos incomoda. E justamente por isso é tão necessária. Porque não seríamos capazes de formulá-la por nós mesmos.
A Constituição outorga à imprensa a estatura de interesse social.
Não a reduz a uma mera atividade comercial.
Proíbe expressamente toda forma de censura, para garantir sua liberdade, e lhe concede imunidade tributária, como incentivo custeado por toda a sociedade para o desempenho de uma atividade relevante para o bem comum.
O que se espera dos órgãos de imprensa é que ajam com a mesma responsabilidade social com que foram tratados pela lei, abrindo oportunidades para que as opiniões possam circular livremente.
Porque o jornalismo não pode encontrar limites na democracia. Mas a propaganda sim.


Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.

Fale com Marcelo Semer: mailto:%20marcelo_semer@terra.com.br

PORQUE VOU VOTAR NO SERRA

TODOS TÊM ARGUMENTOS PARA VOTAR NESTE OU NAQUELE, EU JÁ ESCOLHI...
 

Desculpem-me parentes/amigos pela sinceridade, acho que vou votar no SERRA!
 
Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, arroz, presunto, hambúrguer e iogurte.
Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega…

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. ”É uma vergonha!”, como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em São Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro, muito caro.
Hoje está 14,50 por carro.. e vai aumentar....

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.

Vergonha, vergonha, vergonha…

Cansei de ir em banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial, muitos deles trabalhando de office-boys.

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou “empreendedor” no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. De ver o Governo Lula distribuindo renda e dando condições decentes de consumo pra população mais pobre desse país. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo,SBT,Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da “Veja” passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito… Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça. Acreditem, minha filha contratou uma cozinheira e ela estava fazendo direito em uma faculdade particular pelo PROUNI, em pouco tempo estava estagiando como defensora pública, saindo assim que se formou. Que absurdo!  Ainda mais era negra. Essa gentinha não se enxerga mesmo.
Os aviões agora vivem lotados com este pessoalzinho que não sabe se comportar, pois estão voando pela primeira vez.  Agora os aeroportos ficaram pequenos para tanto avião e tanta gente.

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula…

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem moradia própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). Sem contar que o Governo Federal ainda banca um subsídio de R$ 17.000 mil reais. E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim…

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros.
Quero ver a Petrobras, o Banco do Brasil, O BNDES, a Caixa Econômica Federal,... todos privatizados, o desemprego de volta, salário mínimo subindo no máximo R$ 10,00 reais, ficar devendo novamente ao FMI (Ai Quanta saudade!).  E eu quero lá saber se foram gerados no Governo Lula mais de 14 milhões de empregos com carteira assinada e que mais de 31 milhões de pessoas entraram para classe média (sendo que 24 milhões saíram da pobreza absoluta). Chega dessa baboseira politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco… Quem pode pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.
Eu ia anular, mas cansei. Basta! Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. “Quero minha felicidade de volta.”
E VOCÊ VAI FICAR AÍ PARADO(A)?
LEMBRE-SE QUE UM MAIS UM É SEMPRE MAIS QUE DOIS...
 
 

sábado, 9 de outubro de 2010

UM AMOR ANTIGO

Carlos Diegues – 8 out 10
Nesse inesperado inicio de outono primaveril, ensolarado e doce, chego a Paris, vindo de Biarritz e Lyon, e encontro uma imprensa cheia de notícias sobre o Brasil. Umas são boas, outras deixam a desejar. Reajo a essas como o herói de “O estrangeiro”, de Albert Camus, que, apanhado de surpresa com o anuncio da morte da mãe que não vê há algum tempo, reage com um sentimento difuso de culpa: “C’est pas de ma faute” (não é culpa minha).
Em compensação, os jornais anunciam com entusiasmo o prêmio de público de “5XFavela, agora por nós mesmos” no festival de Biarritz; os analistas de economia elogiam o ministro Guido Mantega por sua posição corajosa a favor da valorização da moeda chinesa; Bernardo Carvalho recebe de Libération uma crítica muito elogiosa a seu romance “Ta mère”; Le Monde estampa na primeira página uma caricatura de Lula a dançar satisfeito com sua candidata, enquanto Sarkozy observa o casal, com vergonha e lágrimas nos olhos, e nós podemos ler, sob os primeiros, a legenda que diz “somente 4% dos brasileiros estão descontentes com o presidente Lula” e, sob o marido de Carla Bruni, “72% dos franceses descontentes com Sarko”.
Nenhuma rádio, canal de televisão ou publicação impressa perdeu a oportunidade das eleições brasileiras para fazer um balanço do que acontece hoje em nosso país. Alguns desses veículos publicaram edições especiais, como fizeram Le Monde, Courrier International e outros, com farto material sobre sociedade, política, economia e cultura brasileiras. Dessa vez, não se falou em carnaval, nem em futebol. Na maior parte dos casos, as matérias se concentram na ideia de que o Brasil está acabando com sua secular miséria, embora ainda seja um país pouco igualitário. Entre a frota de helicópteros sob o céu de São Paulo e a violência nas favelas cariocas, flutua intacto o prestígio mágico de Lula.
O caso de amor entre o Brasil e a França é bem antigo. Antes da hegemonia de nosso americanismo, a partir do pós-guerra, nossas elites sonhavam com Paris como um Olimpo holístico. Nossos ricos proprietários para lá se dirigiam em suas férias familiares e nossos melhores intelectuais, já que nem sempre podiam fazer o mesmo, voltavam seus olhos e seu imaginário para o que julgavam ser o centro da inteligência e do conhecimento humanos. A recíproca também sempre foi verdadeira, embora os sonhos não fossem os mesmos.
Para os franceses em geral, o Brasil sempre foi um espaço de férias selvagens. Mas, para os mais requintados, sempre fomos, desde o filósofo Jean-Jacques Rousseau (que nos pensou) ou o pintor-viajante Jean-Baptiste Debret (que nos registrou), aquilo que eles deixaram de ser quando perderam a inocência em nome da razão. Não foi à toa ter sido a França, com seus cineastas e críticos, artistas e intelectuais, a descobrir e espalhar, para o resto do mundo, o valor do Cinema Novo brasileiro e, depois, o do Tropicalismo, mesmo tendo sido igualmente responsável pela utopia naïve de “Orfeu Negro”. 
Hoje, quando a opinião pública local julga a França decadente, a Europa em grave crise e o mundo à beira do desastre, o Brasil surge para ela como uma nova esperança de alguma coisa que não conhece mas presume existir. E, para garantir a vigência concreta desse sonho, somam, às estatísticas positivas que possuem sobre nós,  o impressionante carisma de um presidente que nos devolveu, a nós mesmos e ao mundo, o valor simbólico do país, perdido desde a ditadura militar.
No dia seguinte ao que cheguei em Paris, fui convidado a dar uma entrevista na rádio France Inter, um talk show semanal. Aceitei na expecatativa de que, na hipótese mais exigente, iria falar sobre esse fértil momento do cinema brasileiro. Mas o que a jornalista queria de nós (além de mim, o programa convidara também o fotógrafo Sebastião Salgado e a pesquisadora Dominique Dreyfuss), era mesmo nossa opinião sobre a ascensão do país a potência mundial, um país de moeda cada vez mais forte, com impressionante reserva de petróleo recentemente descoberta e uma classe média crescente, num futuro sem miséria. Mais que tudo, queria saber o que seria de nós sem Lula, o mágico milagreiro que nos levara a tanto e agora se despede.
Tenho a impressão de que causamos um certo aborrecimento à jornalista e a seus produtores, quando confirmamos que o Brasil vive de fato um momento excepcional de sua história, mas que ainda há muito a fazer. Para isso, contamos com nossa reserva de pré-sal e tudo mais. Mas contamos sobretudo com nossa imensa reserva de energia e alegria, que espero comecemos a usar logo.
carlosdiegues@uol.com.br

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

DEMITIDA POR DELITO DE OPINIÃO

Muito importante esta declaração da psicanalista Maria Rita Kehl, demitida por emitir uma opinião que retrata como se comporta a grande imprensa brasileira nos dias de hoje, só aceitam contratar jornalistas que retratem o pensamento dos proprietários dos jornais, revistas e TVs.
É lamentável que quem se diga "censurado" haja desta maneira.


Terra Magazine › Política

Quinta, 7 de outubro de 2010, 11h25 Atualizada às 15h25

Maria Rita Kehl: "Fui demitida por um 'delito' de opinião"

Bob Fernandes

A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.
Nesta quinta-feira (7), ela falou a Terra Magazine sobre as consequências do seu artigo:
- Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião (...) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
Veja trechos do artigo "Dois pesos".
Leia abaixo a entrevista.
Terra Magazine - Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...
Maria Rita Kehl -
E provocou, sim...
- Quais?- Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião.
- Quando?- Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6).
- E por qual motivo?- O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram.
- Você chegou a argumentar algo?- Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável...
- Que sentimento fica para você?- É tudo tão absurdo... A imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo...
- Você concorda com essa tese?- Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado...
- ...Por outro lado...?- Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal O Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?- Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.

Veja também:
 Siga Bob Fernandes no twitter

JORNALISTA CENSURADA

Incrível! A "direita raivosa" que acusa Lula de censurar a imprensa, demitiu a psicanalista Maria Rita Kehl após coluna sobre o obscurantismo. Leiam e tirem suas conclusões.
No dia 02 de outubro ela postou um artigo que coloquei em meu blog (ABAIXO), e dois dias depois foi demitida pelo Estadão.
Mas, pelo menos o Estadão teve a coragem de confessar que apoia José Serra, o que as Organizações Globo nem isto tem a coragem de fazer.

Matéria da CARTA CAPITAL :


 Maria Rita Kehl é demitida do Estadão após coluna contra o obscurantismo

A liberdade de expressão é um direito universal ou só de uma casta? O Estado de S. Paulo, ao que parece, escolheu a segunda opção. O mesmo jornal que informa diariamente aos seus leitores o número de dias que está supostamente sob censura, decidiu enviar ao gulag a colunista Maria Rita Kehl.
Renomada psicanalista, ela mantinha coluna regular aos sábados no jornal. Até que no dia 2 de outubro ousou publicar um artigo intitulado “Dois pesos”. Passados quatro dias, Rita Kehl recebeu um aviso: sua coluna seria extinta. Surpresa, pediu reconsideração. Mais surpresa ainda, deu-se conta de que o assunto já corria pela internet como rastilho de pólvora.
Na quarta-feira 6, ela estava demitida e o assunto era um dos mais comentados pela rede. No dia seguinte, chegou a ocupar o topo da lista dos mais falados pelo Twitter no mundo e manteve a liderança entre os brasileiros.
Para compreender o ocorrido é inevitável ler o texto. É um libelo contra o preconceito disseminado pela internet e comum entre a “minoria branca”, durante as semanas finais de campanha eleitoral. Com a percepção aguçada de psicanalista, desmontava as “correntes” que descreviam “casos verídicos” a comprovar que os programas sociais do governo federal formavam seres vagabundos e incapazes de votar de forma qualificada.
Com argumentos irretocáveis, Rita Kehl concluía seu artigo: “Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos”.
O diretor de conteúdo do Grupo O Estado de S. Paulo, Ricardo Gandour, afirmou à imprensa que não houve censura, mas revezamento de colunistas.
Entendemos que o Estadão, como empresa particular, tem o direito de escolher quem escreve em suas páginas. Fica acertado, porém: o jornal paulista não deve mais se valer do epíteto de publicação independente ou pluralista.
Para ler o texto de Maria Rita Kehl publicado no Estadão, clique aqui.

ELEIÇÕES 2010

No editorial de "O Globo" de hoje, é abordado o tema "FUNDAMENTALISMO NAS ELEIÇÕES", em que o jornal, como sempre, defende as oposições, omitindo que foram os defensores da candidatura de Serra/PSDB/DEM/PPS que levantaram e jogaram o assunto para discussão, na tentativa desesperada para levar o resultado das eleições para o segundo turno.
Agora diz no editorial "grupos religiosos deflagram um surto de hipocrisia eleitoreira", hipocrisia foi, com certeza, quando levantaram esta questão contra Dilma Roussef no desespero de levar a eleição para o segundo turno.
O Globo deveria fazer como o Estadão de São Paulo que confessou o apoio à candidatura de José Serra, seria muito mais ético, pois as organizações Globo veem desde que foi fundada defendendo os interesses das elites, que, infelizmente para êles, representam só 10 % do eleitorado e mais cêrca de 10 % que se deixam levar pelo radicalismo da direita raivosa, provas mil existem.
O candidato à vice-presidente Índio da Costa denuncia irresponsavelmente que com Dilma o PNDH-3 (Programa Nacional de Direitos Humanos) será aprovado, irresponsável mentira, quem vai decidir isto é o Congresso Nacional, inclusive o senador Sérgio Guerra (PE), coordenador e presidente do PSDB declarou "a campanha não tratou deste assunto. Você fale com ele (Índio), não comigo", e não podemos crer que o Congresso vá aprovar qualquer coisa que vá contra os interesses da população que hoje esta bem mais atenta a qualquer jogada anti-democrática, como foi o golpe de 1964.
Virão, com certeza, mais golpes baixos por aí, a medida que as eleições vão se aproximando o desespero vai tomando conta da campanha de José Serra/PSDB/DEM/PPS que não encontra o respaldo na opinião dos eleitores.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

DO BLOG DE JOILDO SANTOS


Posted: 05 Oct 2010 07:50 PM PDT
Google Buzz
por Maria Rita Kehl, no Estadão, via Vermelho
Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

MARINA

O comentário  abaixo nos foi encaminhado por um amigo do Sul, realmente a corrupção em nosso País é lamentável, mas não existe partido "virgem", é só assumir o executivo e aparecem os "espertos" que estavam atrás de oportunidade.
 
Descompromissada com a maior parte da mídia nacional que sempre tem apoiado interesses escusos, própios e de bancos, trustes, ladrões, corruptos, poderosos,  sacanas, cafajestes, ordinários, crápulas, estrangeiros safados, etecetera & etecetera, ela que realmente pensa no bem do Povo e não no poder pelo poder, já não pode mais ser eleita, pelo menos até 2014. Todavia  antes que aconteça o segundo turno, acreditamos que ela deva exigir muito em favor da Pátria. pois com toda certeza Marina irá honrar os 20.000.000 de crédito que obteve nas urnas, já que sabemos de sua imensidão, pela sua mansidão.
 
Ânimo Anônimo
05 out 2010
Porto Alegre
Rio Grande do Sul
o Pedestal da Pátria     

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

                                  Guerra cambial
Paulo Nogueira Batista Jr

            As autoridades econômicas brasileiras aumentaram o tom das suas declarações sobre câmbio nos últimos dias. O ministro da Fazenda alertou para a existência de uma guerra cambial no mundo e avisou que o Brasil não permitirá que a valorização do real solape a competitividade da economia. O presidente do Banco Central também manifestou preocupação com o assunto e não descartou a adoção de novas medidas de controle do ingresso de capitais no país. 
As declarações tiveram grande repercussão aqui no exterior, inclusive no FMI, embora alguns tenham notado certa desproporção entre a retórica brasileira e as providências tomadas nessa área pelo governo até agora. Talvez a escalada retórica seja um prenúncio de novas medidas para conter a entrada de capitais e a valorização exagerada da moeda brasileira (esperemos que sim).  
O problema apontado pela equipe econômica brasileira decorre, em larga medida, do quadro global, em especial da situação das economias emissoras de moeda de liquidez internacional. Os bancos centrais dessas economias – a Reserva Federal, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão – vêm adotando políticas monetárias extremamente expansivas, com juros básicos próximos de zero e grande ampliação da oferta de moeda. Isso estimula grandes movimentos de capital para países como o Brasil. 
A razão dessas políticas monetárias está no legado da crise de 2008-2009. As principais economias estão se recuperando com grande dificuldade. O crescimento tem sido lento e hesitante. Os níveis de desemprego continuam muito elevados. Não há risco perceptível de inflação nos EUA, na União Europeia e, menos ainda, no Japão.     
Além disso, em muitos países desenvolvidos – por uma combinação de fatores políticos e econômicos – a política fiscal ficou mais ou menos congelada. Por limitações de natureza financeira (déficits e dívidas muito elevados e pressão dos mercados contra alguns países mais vulneráveis) e/ou de natureza política (resistências dos Parlamentos e da opinião pública a novas medidas de estímulo via orçamento público), ficou muito difícil continuar fazendo o que foi feito em 2008-2009: impulsionar a economia com um grande aumento dos gastos governamentais ou diminuição de impostos. Vários países estão sendo levados a fazer o contrário e já começaram a apertar as suas políticas fiscais.    
Resultado: sobrou a política monetária. O que se espera, por um  lado, é que a expansão monetária consiga estimular a demanda doméstica de consumo e investimento. Por outro, – e aqui começa a ”guerra cambial” –, que ela também leve a uma depreciação do dólar e das outras moedas de liquidez internacional, favorecendo a recuperação das economias centrais via aumento das exportações e substituição de importações por produção local. Em outras palavras, as economias centrais querem sair da crise exportando, com apoio de moedas depreciadas. Isso implica, evidentemente, que outros países, principalmente os emergentes, aceitem apreciação das suas moedas, perda de competitividade internacional e déficits nas suas contas externas.
Diversos países vêm dando indicações de que não concordam com esse roteiro. O caso mais célebre é o da China que resiste a qualquer apreciação mais significativa da sua moeda. Mas a China está longe de ser um caso único. A Suíça, por exemplo, vem há tempos atuando para conter a valorização do franco suíço. O Japão interveio recentemente para conter a subida do iene. Outros países asiáticos estão seguindo o mesmo caminho.
O Brasil tem que se cuidar, portanto. Não há, a meu ver, possibilidade de contar com uma solução baseada em cooperação internacional no âmbito do G-20 ou do FMI. No horizonte visível, é basicamente cada um por si.  
O que pode fazer o Brasil? As políticas macroeconômicas tradicionais têm efeitos limitados ou ambíguos. Parece muito difícil enfrentar a superabundância de liquidez internacional sem tomar medidas diretas e específicas de controle do ingresso de capital e de caráter prudencial na área financeira.
            O grande economista americano James Tobin costumava dizer que era preciso colocar areia nas rodas das finanças internacionais. Hoje, eu iria mais longe: areia, tijolos e cimento.






Paulo Nogueira Batista Jr. é economista e diretor-executivo pelo Brasil e mais oito países no Fundo Monetário Internacional, mas expressa os seus pontos de vista em caráter pessoal.

Twitter: @paulonbjr     

domingo, 3 de outubro de 2010

ALDIR BLANC

FUTEBOL NA VÁRZEA.
De Aldir Blanc em "O Globo" de hoje
Sou, como diria o Jaguar, um dos 12.756 letristas/cronistas brasileiros. É tudo que eu queria ser desde menino, embora, como escrevi num samba com João Bosco, nunca tenha sido Garotinho. É uma honra poder participar dos debates eleitorais que caracterizam a página em que escrevo. Impressionou-me o artigo de um professor de Filosofia do Rio Grande do Sul, que desancou a incompetência da oposição sem livrar a cara das maracutaias governistas. Peço desculpas por não publicar o nome do autor. Recortei, guardei em meus organizados arquivos - e perdi. O indispensável Daniel Aarão Reis, que espero ler mais vezes aqui, levou o moto-rádio pelo texto "Uma grande inversão", análise simples e verdadeira sobre o lulismo. Alguém falou em menino com o dedinho no dique, mas não é bem isso. Como salientou Aarão Reis, a coisa vai transbordar por cima da contenção feito as Cataratas do Iguaçú. Constato com tristeza, que o maniqueísmo aloprado esta de volta. O País acompanhou estarrecido o escândalo do mensalão 1 (não confundir com o II do DEM, um partido sem meias medidas). Ficamos chocados com os Silvinhos e Delúbios de Gardência, com o bufão operístico Bob Jeff matando 4 milhas "nos peitos", com a bisonha dupla sertaneja Zé Dirceu & Genuino, este último uma decepção que não esquecerei. Todos faziam parte do mal.
Agora, qualquer adversidade de Dilma Roussef é considerado como do "Bem". Qual "Bem"? Isso existe onde na avacalhada oposição? Eis, da internet, algumas pérolas que colhi no chiqueiro de Benevolentes: De uma pretensa jornalista do Suuulll: "Peço para que Dilma fique doente e Lula tenha um derrame." Outra: "O câncer de Dilma não é linfático, é na próstata." De um blogueiro idiotizado: "Oito anos governado por um burro e entra uma vaca?". "A Fulana (uma artista) está com câncer? Se estiver, são dois cânceres merecidos " (o grifo é meu). Uma por ter sido garota-propaganda do Brizola, e outra, testa-de-ferro do Lula.
Vejam só que coisa intrigante: Todo mundo sabia, na terça-feira,  que apareceriam duas pesquisas discrepantes. Vem a quarta-feira e bingo! Quem manipulou as respostas do eleitores? O "Bem" ou o "Mal"?
A "herança carlista", cantando de galo na Bahia, é do "Bem"?
São do "Bem" os que manobram para a OAB não reabrir o caso da secretária Lyda Monteiro, assassinada covardemente por uma carta-bomba?
O pau-mandado que apareceu quando erguiam a estátua de João Cândido  na Praça XV e ameaçou: "Se isso apontar pro Colégio Naval, a gente volta e detona tudo", esse australopitecus é do "Bem"?
Agripino Maia, que acusou Dilma de mentir, mas omitiu que na ocasião ela estava sendo interrogada sob tortura, é do "Bem"?
O calhorda asqueroso que representa a gorilagem em Brasília e que declarou "nosso erro foi que torturamos demais e matamos de menos", essa besta é do "Bem"?
Nenhum empreiteiro que subornou PC Farias (arquivo queimado) foi preso por corrupção ativa. Eles são do "Bem"?
Os que enriqueceram com as  privatizações selvagens dos reinados FHC I e II são do "Bem"?
Aquele falastrão do Supremo, representante da Casa da Dinda, que no Estácio onde nasci teria o apelido de "Boquinha pra Garrafada", e que se permitiu gozar o Lula, enquanto empatava o jogo, é um juiz do "Bem"?
O tucaníssimo Azeredo, primeiro beneficiado pelo esquema Marco Valério, é do "Bem"?
O fato é que transformaram uma disputa eleitoral importantíssima em futebol de várzea. Os Benevolentes e os empatas do Supremo de Frango (bananas no capricho) esqueceram a lição profética de Jackson do Pandeiro:
-Esse jogo não pode ser 1 x 1.
Com as consequências que o restante da letra prevê. Nem adianta cantar um tango argentino. Só me resta chamar os três mexicanos da propaganda: que cosa triste...