sábado, 29 de janeiro de 2011

A FORÇA DAS REDES SOCIAIS

Em "O Globo" de hoje matérias sobre a internet, na coluna de Merval Pereira "A força das redes", "Os jovens árabes e o poder da rede social", do jornalista Roger Cohen do The New York Times e "Palavras de ordem" do  professor da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Gustavo Binenbojm, que trazem pensamentos muito pertinentes sobre a importância deste instrumento, que esteve bem utilizado por ocasião das eleições no ano passado, alguns exagerados tentando formar a opinião pública mas que, por isto, não alcançando os objetivos.
Escreve Merval que as redes sociais ajudaram a derrubar governos tanto ditatoriais como democráticos, como ocorreu nas Filipinas, durante o julgamento do impedimento do presidente Joseph Estrada. Um grupo de governistas no Congresso aprovou a retirada do processo de provas essenciais contra o  Presidente, e duas horas depois a principal avenida de Manila estava bloqueada por um protesto convocado pelo celular com cerca de sete milhões de mensagens enviadas.
A votação foi revertida e três dias depois Estrada foi cassado. Mas cita também o fato de que na Bielorússia, em março de 2006 quando protestos de rua, convocados em parte por emails, fracassaram, deixando o presidente Lukaschenko mais determinado do que nunca a controlar as redes sociais, citando outros casos também, como no Egito, onde a ditadura do presidente Mubarak tenta reprimir violentamente os protestos convocados pela rede social, internet, capacidade de mobilização que já era temida pela ditadura egípcia.
Escreve ainda Merval que houve um consenso entre os participantes do Fórum Econômico Mundial em Davos de que as redes sociais de maneira geral são boas e que os problemas acabarão sendo resolvidos com o correr do tempo.
Dias atrás comentamos em nosso blog o pensamento de Evgeny Morozov, e Roger Cohen expõe o pensamento de Evgeny, que seria o seguinte: Ciberutópicos, nem tanto a secretária Hillary Clinton, semearam a uma ilusão perigosa ao sugerir que o mundo pode blogar, tweetar, gloogar, usar Facebook e Youtube em seu caminho para a democracia e a liberdade.
A realidade, segundo Morozov, é que frequentemente a internet "fortalece os fortes e enfraquece os fracos". Escreve Roger Coehn que "o povo nas ruas do Cairo é jovem, conectado, não ideológico e pragmático".
No artigo de Gustavo Binenbojm "Palavras de ordem", o professor escreve que "palavras de ordem costumam arregimentar seguidores tanto pelo apelo populista de sua mensagem como pela ambição de seus termos. Um desses modismos vernaculares muito repetidos e pouco compreendidos é a expressão "controle social da mídia".
Para esta linha de pensamento há que haver um controle coletivo sobre o conteúdo do que se lê, ouve ou assiste, como forma de assegurar que os emissores das mensagens não manipulem ou distorçam o que deve chegar aos destinatários. E esta agência reguladora só poderia ser o Estado.
Em nossa visão o "controle social da mídia" por interferência do Estado não houve e não haverá no Brasil, se sabe que a grande mídia, organizações Globo, revista Veja, Estadão, Folha de São Paulo, etc.etc. apoiaram Serra, fazendo com que até o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, do DEM, declarasse "quando a mídia resolve apoiar um candidato causa intranquilidade", perguntado sobre qual seria este candidato declarou "José Serra".
Na internet recebíamos dezenas de emails contrários ao governo,  nós respondíamos todos, mas só no final da campanha eleitoral começamos a receber emails favoráveis à Dilma Roussef, do blog "Mobilização BR".
Mas a internet realmente pode conduzir a opinião pública a optar pelo apoio à uma ou à outra idéia, mas é preciso que a população acredite naquilo que esta lendo, o que não foi o caso dos emails encaminhados pela oposição, cujo conteúdo não mereceu a aprovação do eleitor, que não mudou de opinião, seguindo a linha dos artigos acima relatados.
Nos usamos a internet para responder as acusações e para falar sobre as propostas de Dilma Rouseff, pelas respostas que recebemos 99% acreditaram no que escrevemos.
E a grande mídia continua sendo implacável, li em um site da internet hoje que o ex-presidente Lula foi agraciado pela Universidade de Viçosa, Minas Gerais, com a medalha de "Doutor Honoris Causa", homenagem que se recusou a receber enquanto Presidente da República. Lendo "O Globo" de hoje não li nem uma menção a tal homenagem, "não devem ter tomado conhecimento do assunto".

domingo, 23 de janeiro de 2011

A HORA DA ONÇA BEBER ÁGUA

DO BLOG DE MEU AMIGO ZENO OTTO

Não importa para qual partido você torce. Todos eles estão muito aquém das necessidades e oportunidades brasileiras. São esses partidos que “selecionam” esses candidatos e depois transferem a culpa para nós: Todo povo tem o governo que merece...
Nós merecemos e precisamos de partidos realmente muito melhores e comprometidos com o sucesso e a felicidade do Brasil e de todos os brasileiros.
O que você pode e deve fazer? Não se omita. Quem cala consente. Se informe melhor evitando os veículos das 4 velhas empresas de comunicação (Globo, Veja, Folha e Estadão). Elas querem de volta aquele Brasil colonial, feito só pelas e para as elites parasitas. Esses veículos mentem, distorcem, omitem e dão as versões que só interessam a eles mesmos. Ou criam crises, pânicos, sinistroses, epidemias etc. etc. etc.
Para eles nada do Brasil presta, só promovem ou inventam coisas ruins ou erros. Apenas os Estados Unidos e Israel são perfeitos e muito “bonzinhos” e não merecem criticas.
Lembra-se o quanto apoiaram o ACM, o Álvaro Dias, Virgilio, o Collor, o Agripino etc. etc. etc. Jornalismo com partido não é jornalismo, é panfletagem. São eles que promovem políticos desse nível, quando deveriam fazer trabalhos de jornalismo profissional e honesto sobre todos os políticos de todos os partidos.
Voltaremos a conversar sobre outro inimigo do Brasil: o Judiciário. Onde só existe um cipoal de leis e muito pouca Justiça.
Vamos continuar achando que a vida é assim mesmo? Que as leis são feitas apenas para defender os interesses dos ricos? Ou vamos construir um grande Brasil para todos os brasileiros?
Veja os vídeos da matéria SONHOS IMPOSSÍVEIS aqui do nosso blog.
Contruir o Brasil dos nossos sonhos não é tão impossível quanto os pessimistas e os parasitas pensam.

PEDRA QUE VIROU VIDRAÇA...

Nos últimos anos, juntamente com Heráclito Fortes, Agripino Maia, Arthur Virgílio e Mão Santa, destes só Agripino Maia reeleito para o Senado, Álvaro Dias foi um dos mais ferozes críticos, sendo a "pedra" jogada na vidraça representada pelo governo federal.
Foi violento nas críticas com referência ao caixa 2 do PT, apelidado de "mensalão", na questão dos cartões corporativos, cuja CPI foi abortada pela oposição quando foi divulgado pelos governistas que a investigação atingiria o governo FHC também, e Álvaro Dias foi o principal suspeito de vazar o sigilo para a imprensa através de seu gabinete.
Mas agora, ao reivindicar a aposentadoria como ex-governador, dizendo que "não conseguia sobreviver" com o salário de R$ 26.000,00 como senador, mais verba de representação, auxílio de moradia, verba de gabinete, etc.etc. (coitados de nós), após as inúmeras críticas que vem recebendo, alega que a reivindicação é para distribuir para instituições de caráter social, em uma absoluta falta de honestidade, julgando quem acompanha esta questão como imbecil, se transforma em "vidraça", com pedras jogadas de todos os lados.
Esperamos que em 2014 o eleitor dê uma resposta a políticos como este.
"Prêso por ter cachorro, prêso por não ter cachorro".
Lula era criticado por fazer um discurso por dia, que era demagogo, etc.etc..
Agora, a Presidente Dilma Roussef é criticada por não falar todos os dias.
Vamos respeitar a inteligência da população.
Se Lula falava demais e merecia críticas, se falasse inverdades deveria, é natural, ser criticado, mas a Presidente que assumiu a 22 dias ser criticada por não falar? 
Nós entendemos que críticas sérias sempre são positivas, servem para denunciar e colocar as coisas nos devidos lugares, a imprensa, ressalvados os excessos, excerce um papel importantíssimo e tem ajudado a corrigir desvios de políticos, de emprêsas, de ONGS, de sindicatos, da justíça, etc..

A DOUTRINA DO CHOQUE

DE FERNANDO VERÍSSIMO

A canadense Naomi Klein ficou conhecida com o livro "No logo", em que ela criticava a globalização e a rapinagem, pelo consumismo, do capitalismo sem fronteiras. No seu livro novo "The Shock Doctrine", a doutrina do choque, ela sustenta que o capital internacional aproveita, quando não promove, o caos e a catástrofe para avançar políticas de mercado e o fundamentalismo neoliberal. Seus exemplos mais recentes, entre outros, são a invasão do Iraque - cujas primeiras ações foram batizadas pelo Pentágono de "Operação Choque e Espanto" - , que abriu caminho para empresas americanas dominarem setores como o da segurança privada no país e as grandes petroleiras garantirem seus suprimentos; a "guerra" das Malvinas, que deu força e prestígio interno para Margareth Thatcher completar sua revolução liberal na Inglaterra; o ataque ao World Trade Center, que justificou todos os excessos nas políticas interna e externa de Bush, inclusive a invasão do Iraque, e teve como benefício colateral o enriquecimento de empresas como a Halliburton, notoriamente ligada ao governo; e as inundações causadas pelo furacão Katrina em nova Orleans e pelos tsunamis na Ásia, nos dois casos, segundo Naomi, propiciando "novos começos" que favorecem mais interesses empresariais do que as populações atingidas. A autora também inclui o golpe contra Allende no Chile, a queda da União Soviética e o Massacre da Praça Tiananmem como exemplos de choques bem aproveitados pela dourina, e não deixa de citar o Brasil - menos o golpe de 64 e mais a influência da escola de Chicago na sua economia, outro tipo de desastre.
O livro da moça foi chamado de exagerado e simplista, e não apenas pela direita. Mas mesmos críticos concordaram que a sua tese, se não é vera, é bem bolada. Como ela se aplicaria ao Brasil do caos no Rio e da catástrofe da serra? A intervenção militar e a "pacificação" dos morros do Rio só recebe elogios, merecidos, mas eles adiam um pensamento mais consequente sobre o que aconteceu. E o que aconteceu de historicamente mais importante foi a mobilização das Forças Armadas brasileiras para uma missão inédita, com a concordância e aplausos de todos, sem que se ouvisse um "peraí um pouquinho". Ontem o inimigo foi o tráfico sublevado, amanhã de onde virá a ameaça de caos, e a quem aproveitará sua supressão? O precedente esta estabelecido. Quanto à tragédia nas cidades serranas, o "novo começo", pressupõe novo rigor nas licenças para ocupação e uma ocupação mais racional da terra. Quer dizer: Nada que diga respeito ao pobre obrigado a erguer seu barraco num barranco deslizante por absoluta falta de alternativas.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O FIM DA INOCÊNCIA

 
O Professor Evgeny Morozov critica, de Londres, a visão idealizada da internet entre ativistas políticos.
Entre outros pensamentos, o comentário de hoje em "O Globo", sobre o assunto, fala que "se a primeira metade da década passada foi marcada pela expectativa de que a internet revolucionaria a vida cotidiana, os últimos anos testemunharam o crescimento de uma corrente cibernética, cujo principal argumento é o de que a rede, por si só, não fará milagres em termos de mobilização de usuários".
Em 2010 foram enviados 294 milhões de e-mails por dia, a maioria spam.
No livro recentemente lançado pelo professor Evgeny "The Net Delusion", ele deixa claro que a popularização da rede, afinal, estaria longe de significar que os interneteiros são seres politicamente conscientes, socialmente participativos, culturalmente exemplares, tirando raros momentos de exceção, não é isto o que acontece, constatação esta que vem de encontro ao que aconteceu no ano passado, quando recebemos e-mails do mais baixo conteúdo, com ofensas desnecessárias e equivocadas para quem deseja convencer alguém.
Na campanha política de 2010 procuramos comunicar de uma maneira consciente, sem ofensas, com argumentos que procuravam esclarecer, principalmente porque a mídia estava controlada, como sempre, e nossa única possibilidade era pela internet.
A internet não consegue convencer ninguém com mentiras e acusações falsas, a comprovação deste pensamento esta no que aconteceu no ano passado, quando recebíamos os e-mails e respondíamos sem réplicas e nada mudou com a enxurrada que foi encaminhada.
Mas o motivo desta matéria que estou enviando é que deveremos estar atentos, participativos, não deixar sem resposta acusações falsas e repassar os e-mails que refletem aquilo que pensamos. Se não temos mídia utilizemos a internet como "campo de batalha".
      

sábado, 15 de janeiro de 2011

RECONHECER O ERRO TRÁGICO

Carlos Diegues – 14 janeiro 2011

Em “Burden of Dreams”, documentário exemplar de Les Blank sobre a produção de “Fitzcarraldo”, obra-prima obsessiva e masoquista de Werner Herzog, o grande cineasta alemão presta um depoimento assustador, no meio da floresta amazônica que ele tentava em vão submeter à realização de seu filme.
Com os olhos inflamados e a voz áspera, Herzog, o santo guerreiro, afirma para a câmera que, cada vez que ouvia os sons desordenados da floresta, enlouquecia com o desejo de discipliná-la, pôr uma ordem em sua anarquia natural, impedir a fornicação geral dos elementos que se destroem mutuamente.
Não tenho dúvida de que, como criadores iluminados, os  melhores artistas fazem de suas obras um rascunho do que fariam no lugar de Deus. Todo grande artista tende sempre ao desejo de corrigir os equívocos do Senhor e é assim mesmo que deve ser. Desconfio que o pecado mortal, a primeira afirmação de identidade do homem, aquela que causou a expulsão do paraíso, tenha sido mesmo essa volúpia de ordenação do mundo.
Quando inventou a cultura e, com ela, costumes e instrumentos, casas, cidades, meios de transporte, e tudo o mais que o diferenciava dos bichos e das plantas, o homem se tornou um adversário da natureza. Para fazer o que imaginava, teria que enfrentá-la e certamente ferí-la. A ilusão perversa era a de que ele podia dominá-la, controlá-la, organizá-la segundo simplesmente seu proveito próprio. Tornamo-nos um perigoso virus a ameaçar a saúde do mundo, destinado a degradá-lo pela contaminação de nossos gestos, pelo desejo de dar uma nova ordem à natureza.
Não foi para isso que viemos ao mundo e que nos desenvolvemos de tal maneira que somos seus únicos habitantes capazes de pensá-lo. Como dizia Spinoza, a natureza não tem nenhum projeto para a humanidade. Como a natureza não tem consciência de nossa existência, é impossível viver em harmonia com ela. Mas com a natureza não se brinca e não se briga, com a natureza só se negocia. A única linguagem que ela entende é a da negociação.
É bobagem achar, como Rousseau e os românticos, que os chamados “primitivos” viviam e vivem em harmonia com a natureza. Indio morre cedo, sempre morreu cedo, exatamente porque seu conhecimento de defesas contra ela sempre foi precário. Mas os indios sabem negociar com a natureza, sobretudo porque não têm a pretensão da ciência que pensa entendê-la plenamente.
Há alguns anos, fazendo um documentário sobre eles, convivi, sem nenhuma pretensão antropológica, com uma aldeia xavante recém- contactada, no vale do rio São Marcos, no Mato Grosso do Sul. Durante essa curta convivência de dias, o que mais me impressionou foi o sistemático conselho noturno, em torno da fogueira, em que os mais velhos (ouvidos e prestigiados exatamente por terem sobrevivido tanto) ensinavam aos adolescentes os termos dessa negociação com a natureza, o que podiam e não podiam fazer com ela.
Na recente tragédia na serra fluminense, a natureza andou sendo previamente desrespeitada e insensatamente enfrentada. Como na aldeia xavante, o Poder Público, escolhido pela população para cuidar de nós, como os indios idosos cuidavam de seus adolescentes, tinha a obrigação de nos explicar até que ponto podíamos ou não avançar sobre ela. Como deixar que se contrarie o comportamento da natureza, achando que se pode submetê-la assim, de graça?
A decadência do poderoso Império Romano coincide com mudança climática radical, a partir de 250 d.C., para a qual seus líderes e sábios não estavam preparados. A Revolução Francesa encontrou clima social propício à sua eclosão, depois que, em 1783, a erupção de um vulcão na Islândia, semelhante à de um ano atrás, destruiu, com suas cinzas, grande parte da agricultura no continente europeu, gerando fome imprevista e generalizada. No livro “Colapso” (cujo oportuno subtítulo é “como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”), Jared Diamond, seu autor, nos conta como guerras e disputas políticas e econômicas devastaram a pequena Ilha de Páscoa, no Pacífico Sul, a ponto de destruir uma civilização avançada que tinha sido capaz de construir aquelas gigantescas esculturas de cabeças, hoje alinhadas no deserto de pedras em que o lugar se transformou.
Ninguém se lembra de quem evita o incêndio, a natureza exibicionista do espetáculo humano exige que só celebremos os heróis que apagam o fogo e salvam suas vítimas. Mas prevenir é sempre mais eficiente e completo que remediar – e ainda sai mais barato. E remediar, afinal de contas, é admitir, reconhecer  o trágico erro.
Não é possível que, em países como Portugal e Austrália, catástrofes semelhantes, com muito mais volume de água, tenham matado respectivamente 42 e 19 pessoas, enquanto na serra fluminense, até o momento em que escrevo, são mais de 500 as que despareceram na enxurrada. Hoje, a prevenção pode chegar a tempo, ser rápida e eficiente, pode alcançar a todos. Plataformas tecnológicas como a televisão, a internet e mesmo celulares, facilitam seu acesso imediato à população.
Parece até que o Poder Público (federal, estadual, municipal, distrital, o que seja) prefere esconder as informações prévias, com medo de se responsabilizar por elas, tendo que se dar ao trabalho de conter a ocupação irregular de terrenos ou remover famílias de áreas de risco. Mas, nesse caso, o Poder Público não existe para agradar os cidadãos e sim para protegê-los, intermediando sua indispensável negociação com a natureza.
 
carlosdiegues@uol.com.br
 
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