segunda-feira, 21 de março de 2011

BARAK OBAMA, PASSANDO POR CHE GUEVARA E FIDEL

Foi uma grata visita a do Presidente dos Estados Unidos da América ao Brasil, mostrando Barak Obama a sua simplicidade, a sua "cara" de povo, dando a sensação de que pretende estabelecer um tratamento diferenciado, respeitoso, de igual para igual, sem a tentativa de oprimir como foi tempos atrás.
A mídia brasileira, através de seus jornalistas e colunistas tenta analisar as situações que vivemos nos dias de hoje com a visão dos anos 60, tentando minar o pensamento da opinião pública de acordo com seus interesses, assim como fizeram para fazer grande parte da população acreditar que estávamos a beira de criar um país comunista, o que nunca aconteceu, não acontece e não acontecerá, para justificar a "ditadura das elites".
É preciso entender que vivemos tempos diferentes.
Nos anos 60 quem nos explorava, nos colonizava eram os americanos, a União Soviética não tinha negócios conosco e não éramos comunistas.
Os Eua nos remetiam bilhões de dólares a juros escorchantes, assim como fizeram durante todo o período dos "anos de chumbo", "ajudas" estas que tivemos que pagar com o fim da ditadura, com grandes sacrifícios.
O "iluminado" administrador de emprêsas João Luiz Mauad em coluna no jornal O Globo de domingo faz críticas aqueles que desfilam com camisetas com a face estampada de Che Guevara, dizendo que nâo têm idéia de quem realmente ele foi ou significou.
É uma opinião facciosa porque o Che Guevara e o Fidel que os brasileiros admiram são aqueles que livraram Cuba de um tirano corrupto, esta é a realidade. O Che que depois foi para a Bolívia onde foi morto não é aquele, assim como Fidel, ao manter uma ditadura por todos estes anos não recebe o apoio do povo brasileiro, a democracia já deveria ter voltado para a felicidade do povo cubano. A defesa que brasileiros fazia do regime cubano não era por ser comunista mas, sim, por ser contrário aos americanos que nos exploravam.
Nos dias de hoje aquela animosidade contra os Estados Unidos só existe na cabeça de uma meia dúzia de radicais de esquerda, que não são piores do que os radicais de direita.
Até pelas dificuldades econômicas que os americanos estão enfrentando as diferenças diminuiram, e não fosse pela radicalização do Congresso dos EUA estaria muito melhor, Barak Obama demonstrou na visita que fez ao Brasil ser um homem do povo, fazendo jús a bela história de sua Mãe e de sua própria vida.
Se temos muitas críticas a fazer ao nosso Congresso, que não é tão difícil de dominar, basta nomear quem os deputados e senadores desejam, assim como destinar verbas que auxiliem para suas reeleições, o dos Estados Unidos é bem mais difícil, defendem os lucros das emprêsas do País com "unhas e dentes" e o Presidente Obama terá muitas dificuldades para modificar, para acabar com o protecionismo.
O Congresso americano até pode continuar sendo nosso inimigo, mas o Presidente Barak Obama com seu discurso que exprime confiança e honestidade certamente é nosso amigo.
 
  

domingo, 20 de março de 2011

DE PAULO NOGUEIRA BATISTA JUNIOR

                                   Brasil e EUA
Paulo Nogueira Batista Jr.

            As relações entre os EUA e o Brasil têm sido objeto de muitos comentários duvidosos na imprensa brasileira no passado recente. A visita do presidente Obama, entre outras aspectos positivos, ajudará, acredito, a desmistificar um pouco o tema. 
Foi reveladora, por exemplo, a declaração de Mike Froman, vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca: “Essa viagem é fundamentalmente a respeito da recuperação econômica americana e de exportações americanas. As exportações para o Brasil geram 250 mil empregos nos EUA; metade da população do Brasil é hoje considerada classe média e isso cria uma grande oportunidade para vendermos nossos produtos lá”.  
De fato, o Brasil vem dando importante contribuição à recuperação dos EUA. O nosso déficit comercial com os EUA aumentou de US$ 4,5 bilhões em 2009 para US$ 7,8 bilhões em 2010, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.   
A julgar pelas declarações de Froman, os EUA querem que o Brasil contribua ainda mais. A pergunta óbvia é: qual a contrapartida? O que os americanos estão botando na mesa? Maior acesso ao mercado americano? Redução das inúmeras barreiras às exportações brasileiras que existem nos EUA?
Espero que esteja enganado, mas é provável que os EUA tenham, atualmente, muito a pedir e pouco a oferecer. A situação econômica deles continua frágil, o desemprego muito elevado e eles precisam, desesperadamente, exportar mais para o resto do mundo. Os americanos querem sair da crise ampliando a sua presença em mercados promissores como o do Brasil.
Do lado brasileiro, como se sabe, um dos problemas é que o nosso déficit externo total aumentou rapidamente e já alcança níveis preocupantes. Não parece razoável que o Brasil amplie ainda mais o seu desequilíbrio bilateral com os EUA. Precisaríamos, ao contrário, diminuí-lo.
Seja como for, as relações Brasil-EUA não se limitam a temas bilaterais. São cada vez mais importantes as questões de ordem mundial (Nações Unidas, G-20, FMI, Banco Mundial, clima, etc.). 
Nesse terreno, também não está muito claro o que os EUA têm a oferecer. Por exemplo: parece haver alguma dificuldade de apoiar efetivamente a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Quando da visita que o presidente Obama fez recentemente à Índia, repercutiu muito a sua declaração de apoio à entrada desse país no Conselho de Segurança. Comparações serão inevitáveis.
Permita-me, leitor, falar um pouco da minha experiência com os americanos no FMI e no G-20. Primeiro, temos tido muitas divergências com eles em diversas questões. É natural.  Diferentemente, de muitos países em desenvolvimento e até de alguns desenvolvidos, o Brasil não se alinha automaticamente com os EUA ou qualquer outro país. Atuamos de forma independente, e isso às vezes incomoda grandes potências como os EUA.
Por outro lado, temos também muitas áreas de convergência e pontos de interesse comum com os americanos. Temos atuado em conjunto em diversos temas. A dificuldade é que, mesmo quando há convergência com os EUA no G-20 e no FMI, nem sempre é fácil trabalhar com eles. Eles gostam de fazer tudo sozinhos, sem grandes consultas a outros países.       
 Atuam, não raro, de forma unilateral. E nem sempre escolhem os melhores caminhos para alcançar objetivos comuns. Essa é uma mensagem que eles têm dificuldade de absorver: o Brasil espera ser consultado e ouvido antes de qualquer iniciativa importante. Parceria, sim. Mas com diálogo, e não para apoiar fatos consumados. A relação só será produtiva se for de igual para igual.                                                     





Paulo Nogueira Batista Jr. é economista e diretor-executivo pelo Brasil e mais oito países no Fundo Monetário Internacional, mas expressa os seus pontos de vista em caráter pessoal.

Twitter: @paulonbjr

quarta-feira, 16 de março de 2011

DEM VOLTA AO BERÇO



Na convenção dos "democráticos", DEM, ontem, o partido voltou aos tempos do PFL, PDS, Arena e finalmente, aos "anos de chumbo", quando apoiaram a ditadura.
Chegamos a esta conclusão baseados na iniciativa da cúpula partidaria de impedir pela fôrça, como faziam nos tempos da ditadura, a mudança de partido de seus integrantes, descontentes com os rumos que estão fazendo com que ano a ano o DEM venha perdendo conteúdo, e pelo "andar da carruagem" logo se tornará um "nanico", como se apelida os partidos de menor expressão.
Quando o PFL resolveu trocar de nome para DEM, encaminhei para o ex-prefeito Cesar Maia email dizendo que mais importante do que trocar de nome seria mudar de atitude, e prova esta que o partido continuou definhando, defendendo uma posição liberal de extrema direita que não obtem resultados positivos em parte alguma.
Políticos já entenderam que serem chamados de "direita" é contra propaganda, dizendo o presidente do mandato tampão do DEM Agripino Maia que não seria de direita, recebendo a resposta do deputado gaúcho Onix Lorenzoni, que nos parece parou no tempo, "aí não, eu sou de direita".
O deputado Lorenzoni e outros da direita radical ainda não entenderam que ser chamado de direita significa não se preocupar com as classes menos favorecidas, só se preocupam com seus interesses, na diminuição de impostos, na queda da CPMF, nos lucros desenfreados.
Nós também entendemos que os impostos brasileiros são excessivos, mas assim são porque temos uma diferença social muito grande, com pessoas em situação de miséria, vivemos um falso capitalismo, com salários aviltados.
Uma família que tenha uma renda mensal de R$ 3.000,00 com dois filhos, tem condições de colocar seus filhos na educação privada e ter um plano de saúde? Não tem e vejam, falo de um salário elevado para os padrões brasileiros e mesmo assim são forçados a buscar o ensino e a saúde pública, o que onera o estado. Isto é capitalismo? Não é, país capitalista são os Estados Unidos, a Suécia, Alemanha, Inglaterra, Japão, Canadá, etc.etc, onde o mercado de trabalho é valorizado.
Lula ampliou o Bolsa Família tirando mais de vinte milhões da linha de pobreza, criou o Crédito Consignado que possibilitou aos aposentados e funcionários deixarem de pagar mais de 10% nos cheques especiais e cartões de crédito, pagando mensalmente parcelas menores e, principalmente, liquidando suas faturas, ao contrário dos cheque e cartões onde se paga a vida inteira e não se liquida a conta.
E Lula não é de esquerda, se fosse teria resolvido os problemas da educação e da saúde pública, teria "metido a mão" com os bancos que cobram juros e despesas bancárias abusivas, no máximo poderíamos dizer que o ex-presidente é de centro-esquerda.
E os outros? Não dá para comparar, fizeram quase nada para quem mais precisava, e esta direita a que Onix Lorenzoni diz pertencer nunca fez nada, inclusive FHC que tinha um discurso radical de esquerda, era considerado comunista, nem em Deus acreditava, no governo esqueceu do discurso e uniu-se ao liberalismo.
Em conversa com um grande amigo meu, falávamos sobre as últimas eleições e me disse ele que Alkmin e Serra deveriam ter defendido com mais ênfase as privatizações de FHC. Não falei nada no momento, mas depois comecei a pensar e percebi o motivo que levaram os candidatos do PSDB a não defenderem as privatizações, só falavam na privatização na área de comunicações, o motivo foram as acusações da oposição na época, com pedidos de CPI não permitidas pelo "rôlo compressor" do governo, com telefones grampeados e fatos que não puderam ser esclarecidos. Se Alkmin e Serra defendessem as privatizações viriam à tona as acusações que não foram respondidas.
Quanto a esta questão do impedimento de políticos com mandato mudarem de partido, entendemos que realmente a sigla pela qual se elegeram tem a prioridade de seus mandatos, mas é equívoco impedir por quatro anos, já que o político jamais poderá sair e se candidatar.
Lula administrou com os "olhos voltados" para as classes menos favorecidas mas não deixou de se preocupar com as classes A e B, motivo pelo qual teve a elevada avaliação que permitiu a eleição da Presidente Dilma Roussef.
O povo esta mais politizado, graças a Deus, não acredita em falsas promessas de última hora, se acreditasse Serra teria sido eleito quando prometeu o 13º salário para o Bolsa Família e R$ 600,00 para o salário mínimo.
Um governo de esquerda jamais teria dado uma "punhalada" nas costas dos aposentados como fez FHC, ao desindexar os salários e criar o Fator Previdenciário, esquecendo-se de que "qualquer lei não pode retroagir e prejudicar alguém", o máximo que poderia fazer era atingir os não aposentados, que poderiam contratar um Seguro Privado para não terem seus salários aviltados, já que os já aposentados não tiveram esta opção.
Para terminar, nenhum governante pode administrar sem estar com os "olhos voltados" para todos os segmentos, classes A, B, C e D.

sábado, 12 de março de 2011

PÃO E CIRCO COM DIREITOS - DE CACÁ DIEGUES

Pão e Circo com Direitos
Carlos Diegues, 10 março 2011
Nos últimos oito anos, Gilberto Gil e Juca Ferreira acertaram várias vezes à frente do Ministério da Cultura, sobretudo em sua modernização, cujo ponto alto foi a criação dos Pontos de Cultura. Mas infelizmente a sombra do voluntarismo e da volúpia de intervenção do estado na criação artistica andou sempre rondando algumas decisões do MinC de Gil e Juca, desde o desastrado projeto da Ancinav.
No final do ano passado, esta sombra caiu mais uma vez, agora sobre o projeto de uma nova lei de Direitos Autorais, estendendo sua repercussão aos primeiros dias da nova ministra Ana de Hollanda. E é incrível como alguns intelectuais e certos setores da sociedade civil se apressaram a receber com ressentimento e quatro pedras na mão o gesto democrático da nova titular da pasta, que apenas propõe a revisão do projeto para torná-lo mais de acordo com o que pensam seus beneficiários. Ou vítimas potenciais.
Talvez por saudades da truculência e do despotismo de  administrações e regimes anteriores, essas pessoas confundem a serenidade, tolerância e doçura da ministra com falta de energia ou de decisão, com “autismo”. É óbvio que Ana de Hollanda está apenas querendo por à disposição do julgamento de todos os duvidosos termos do projeto elaborado por alguns.
Guardo com cuidado um trecho do discurso de posse da presidente Dilma Roussef, uma rara referência à cultura feita por pessoa pública de sua importância e responsabilidade: “A cultura é a alma de um povo, essência de sua identidade. Vamos investir em cultura, ampliando a produção e o consumo em todas as regiões de nossos bens culturais, e expandir a exportação de nossa música, cinema e literatura, signos vivos de nossa presença no mundo”. A presidente sabe que quem fabrica essa “alma de um povo” são os homens que a criam. E, assim como os que nos alimentam e produzem comida contra a miséria do povo, eles precisam ser remunerados para cumprir seu papel com pertinência e dignidade.
Ninguém tem dúvida de que as novas tecnologias de produção e difusão artísticas vão exigir novos modos de remuneração autoral, sobretudo diante de uma nova cultura pós-industrial em marcha acelerada. Tenho até uma certa simpatia pelo Creative Commons, embora não veja nele nada que não esteja na lei atual, onde todo artista tem o direito de abrir mão, total ou parcialmente, de seus direitos autorais. Mas crucificar Ana de Hollanda porque ela pôs em discussão a opção compulsória pelo CC e decidiu levar isso a um democrático debate público, só pode ser má-fé.
No passado longínquo, os artistas não eram senhores de sua obra. Michelangelo Buonarotti pintou sua obra-prima, a Capela Sistina, por encomenda do Vaticano, a poderosa “major” da época, e teve que discutir plano a plano, a cada pincelada que ali dava, com seu “producer”, o Papa Julio II. Os artistas não tinham como viver, se não fosse trabalhando para os poderosos, reproduzindo suas imagens e costumes para grandeza deles, de seus partidos e de suas religiões. E Príncipes e Papas descobriram que era uma boa ideia patrociná-los.
Mesmo que isso contrarie os pensadores da esquerda infantil, o que libertou os artistas desse controle foi o pensamento iluminista, que descobriu o valor diferenciado do indivíduo, simultaneamente ao mercado criado pela revolução industrial, que pagou por sua originalidade e contribuição ao progresso.
Sem o mercado, não haveria a arte moderna, livre dos interesses do poder, independente da consagração dos barões. Não haveria Dickens ou Balzac, Manet ou Picasso, Ravel ou Stravinski. Mesmo um gênio como William Shakespeare não era bobo de tentar contrariar Elisabeth I e a dinastia dos Tudor com suas peças, embora tenha sido exatamente ele o primeiro a compreender, em seu famoso e fundador Theatre, a importância do público para a conquista de sua liberdade.
O mercado estabeleceu o direito do artista dizer o que pensa sobre o estado do mundo, independente do que pensam os que mandam nele. Primeiro através da produção de protótipos e depois de reproduções, com uma multiplicação de valor que acabou sendo decisiva até mesmo para o PIB das nações. No momento em que surge no horizonte planetário as luzes de uma nova cultura pós-industrial, cognitiva e virtual, ainda de dificil descrição, o Brasil segue engatinhando no portal das economias criativas.
Como remunerar tudo isso com justiça, se ainda pensamos num estado que teria o direito de desapropriar o que saiu de nossas cabeças e que portanto só pode nos pertencer?
Li recentemente uma entrevista de Lewis Hyde, respeitado pensador do mundo virtual, em que ele diz que “assumindo que existe uma verdadeira incongruência entre ganhar a vida e fazer arte (por que?, digo eu escandalizado), muitos artistas escolhem uma vida de pobreza voluntária,  vivem com pouco e constroem sua obra”.  Ora, essa ideia de “pureza” do artista como resultado de sua indispensável pobreza, esse seu exílio do mundo concreto, em vez de ser uma visão do futuro, não passa de uma tentativa de empurrá-lo para antes do Renascimento, uma tentativa de medievalização da arte, uma conspiração de fundamentalistas da tristeza em sua eterna melancolia do paraíso perdido.
Anos atrás, em um de meus filmes, “Um trem para as estrelas”, fiz um personagem popular, interpretado pelo grande Zé Trindade, dizer a um jovem músico que começava sua carreira: “Não se esqueça, meu filho, quem precisa de arte é o público, artista precisa é de dinheiro”. O que significa mais ou menos que, assim como quem dá o pão precisa ser remunerado, quem dá o circo não pode morrer de fome. A nobreza da arte que não cobra pela sua produção é um malicioso golpe dos poderosos, afim de manter os artistas dependentes do rei e portanto incapazes de dizer se Sua Majestade está nu.