FUTEBOL NA VÁRZEA.
De Aldir Blanc em "O Globo" de hoje
Sou, como diria o Jaguar, um dos 12.756 letristas/cronistas brasileiros. É tudo que eu queria ser desde menino, embora, como escrevi num samba com João Bosco, nunca tenha sido Garotinho. É uma honra poder participar dos debates eleitorais que caracterizam a página em que escrevo. Impressionou-me o artigo de um professor de Filosofia do Rio Grande do Sul, que desancou a incompetência da oposição sem livrar a cara das maracutaias governistas. Peço desculpas por não publicar o nome do autor. Recortei, guardei em meus organizados arquivos - e perdi. O indispensável Daniel Aarão Reis, que espero ler mais vezes aqui, levou o moto-rádio pelo texto "Uma grande inversão", análise simples e verdadeira sobre o lulismo. Alguém falou em menino com o dedinho no dique, mas não é bem isso. Como salientou Aarão Reis, a coisa vai transbordar por cima da contenção feito as Cataratas do Iguaçú. Constato com tristeza, que o maniqueísmo aloprado esta de volta. O País acompanhou estarrecido o escândalo do mensalão 1 (não confundir com o II do DEM, um partido sem meias medidas). Ficamos chocados com os Silvinhos e Delúbios de Gardência, com o bufão operístico Bob Jeff matando 4 milhas "nos peitos", com a bisonha dupla sertaneja Zé Dirceu & Genuino, este último uma decepção que não esquecerei. Todos faziam parte do mal.
Agora, qualquer adversidade de Dilma Roussef é considerado como do "Bem". Qual "Bem"? Isso existe onde na avacalhada oposição? Eis, da internet, algumas pérolas que colhi no chiqueiro de Benevolentes: De uma pretensa jornalista do Suuulll: "Peço para que Dilma fique doente e Lula tenha um derrame." Outra: "O câncer de Dilma não é linfático, é na próstata." De um blogueiro idiotizado: "Oito anos governado por um burro e entra uma vaca?". "A Fulana (uma artista) está com câncer? Se estiver, são dois cânceres merecidos " (o grifo é meu). Uma por ter sido garota-propaganda do Brizola, e outra, testa-de-ferro do Lula.
Vejam só que coisa intrigante: Todo mundo sabia, na terça-feira, que apareceriam duas pesquisas discrepantes. Vem a quarta-feira e bingo! Quem manipulou as respostas do eleitores? O "Bem" ou o "Mal"?
A "herança carlista", cantando de galo na Bahia, é do "Bem"?
São do "Bem" os que manobram para a OAB não reabrir o caso da secretária Lyda Monteiro, assassinada covardemente por uma carta-bomba?
O pau-mandado que apareceu quando erguiam a estátua de João Cândido na Praça XV e ameaçou: "Se isso apontar pro Colégio Naval, a gente volta e detona tudo", esse australopitecus é do "Bem"?
Agripino Maia, que acusou Dilma de mentir, mas omitiu que na ocasião ela estava sendo interrogada sob tortura, é do "Bem"?
O calhorda asqueroso que representa a gorilagem em Brasília e que declarou "nosso erro foi que torturamos demais e matamos de menos", essa besta é do "Bem"?
Nenhum empreiteiro que subornou PC Farias (arquivo queimado) foi preso por corrupção ativa. Eles são do "Bem"?
Os que enriqueceram com as privatizações selvagens dos reinados FHC I e II são do "Bem"?
Aquele falastrão do Supremo, representante da Casa da Dinda, que no Estácio onde nasci teria o apelido de "Boquinha pra Garrafada", e que se permitiu gozar o Lula, enquanto empatava o jogo, é um juiz do "Bem"?
O tucaníssimo Azeredo, primeiro beneficiado pelo esquema Marco Valério, é do "Bem"?
O fato é que transformaram uma disputa eleitoral importantíssima em futebol de várzea. Os Benevolentes e os empatas do Supremo de Frango (bananas no capricho) esqueceram a lição profética de Jackson do Pandeiro:
-Esse jogo não pode ser 1 x 1.
Com as consequências que o restante da letra prevê. Nem adianta cantar um tango argentino. Só me resta chamar os três mexicanos da propaganda: que cosa triste...
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