A hora de reconstruir os partidos
Coluna Econômica - 25/10/2012
Ponto 1: a oposição é fundamental para a vida democrática. É a competição política que leva os dois lados - governo e oposição - a prestarem contas à opinião pública, a se aprimorar, a abrir os olhos para as novas demandas da população, a se revezarem no poder.
Ponto 2: a oposição está estraçalhada no Brasil, devido ao modelo de estruturação dos partidos, que os deixou reféns da gerontocracia. Matou-se a democracia interna dos partidos bloqueando a renovação.
Daí a necessidade dos partidos se salvarem de suas velhas lideranças. O fim político de José Serra será a grande oportunidade do PSDB se revitalizar, renascer das cinzas em que foi jogado.
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Os campos de disputa, hoje em dia, estão razoavelmente delimitados. Acabou-se a era dos pacotes mágicos, da bala de prata, da única prioridade. A construção do país se dará em cima da construção de novos valores:
Melhoria da gestão pública com:
1. ampliação da inclusão social;
2. melhoria dos serviços oferecidos aos cidadãos;
3. melhoria do ambiente econômico.
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O campo de disputa serão as prefeituras e os prefeitos a primeira linha do combate virtuoso.
Antes de se tornar governo, o PT consolidou uma base municipal e o que se chamava na época de "modo PT de governar". Construiu da base para chegar ao topo.
O partido que quiser ganhar visibilidade terá que criar seu modo de governar, o "modo PSDB", o "modo PSB", o "modo DEM" e assim por diante.
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Muitos anos atrás, o então presidente do PSDB José Aníbal, pediu-me que sugerisse um plano de ação na convenção do partido. Era um período em que, antes de sucumbir à grande noite da era Serra, o PSDB permitia-se pensar diferente.
Na área municipal, por exemplo, tinha-se o ex-prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas, com um belo repertório de iniciativas, que poderiam ser aprimoradas. Nenhuma saiu fora dos limites de Vitória.
No encontro, lancei algumas ideias que podem ser utilizadas por qualquer partido, para definir um "modo de governar".
Primeiro Passo - um levantamento de todas as iniciativas virtuosas dos prefeitos do partido, em todas as áreas. Esse levantamento poderia ser enriquecido com pesquisas de experiências bem sucedidas de outros países.
Segundo Passo - uma seleção das melhores práticas, de maneira a compor um pacote de ações a ser implementado em todas as prefeituras do partido. Uma consultoria especializada trataria de trabalhar as ideias, dando um formato de franquia (no sentido de padronizar as ações, guardadas as características de cada município) e um banho de marketing.
Terceiro Passo - montagem de uma rede social das prefeituras do partido, na qual os secretários de cada área pudessem trocar experiências entre si, registrar dificuldades, problemas etc.
Quarto Passo - estimular uma competição virtuosa das prefeituras, através de sistemas de premiação e outras formas de reconhecimento. O critério mais relevante é o da integração dos programas com a população.
Quinto Passo – através do relacionamento em rede, identificar novas vocações capazes de revitalizar o partido.
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