O fim da geração das diretas
Coluna Econômica - 03/09/2012
As pesquisas eleitorais da semana passada – IBOPE, DataFolha e Vox Populi – marcam definitivamente o fim de uma era na política brasileira.
Mostraram a candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo desabando em todos os níveis e, particularmente, entre eleitores do PSDB. Parte migrou para o candidato Celso Russomano, parte menor para Gabriel Chalita.
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Serra morre politicamente, mas arrasta o partido consigo. Não fosse seu estilo trator, sua incapacidade crônica de permitir o florescimento do novo, o PSDB paulistano estaria com Gabriel Chalita em boa colocação, sem um centésimo da taxa de rejeição do candidato oficial. Ou estaria com José Aníbal, tucano histórico que, em muitas oportunidades, sacrificou-se pelo bem do partido. Ou apostando em outro nome novo que, mesmo perdendo, lançasse as bases para a renovação partidária.
No entanto, percebendo o potencial político de Chalita, assim que assumiu o governo do Estado Serra iniciou um trabalho pertinaz de desconstrução da imagem do correligionário. Fez o mesmo com Aníbal e com quem mais pudesse, no futuro, despontar como liderança partidária.
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A insistência irracional de Serra em manter-se à tona, em pensar apenas no próprio umbigo, deixa o PSDB em posição difícil. E revela o derradeiro fracasso de FHC frente a Lula.
Até então, a política brasileira pós-redemocratização girava em torno dos políticos que ascenderam com a campanha das diretas. Houve dois partidos com perspectiva de poder – PSDB e PT – ambos dominados por oligarquias políticas da geração das diretas.
No caso do PSDB, houve um sopro de renovação trazido por Franco Montoro (quando governador de São Paulo pelo PMDB), mas com o partido focado em São Paulo. No caso do PT, uma base ampliada de militantes, permitindo revelar lideranças em outros estados, mas ainda assim com o centro do poder concentrado em São Paulo – dos sindicalistas e “igrejeiros” de Lula aos egressos da guerrilha, de José Dirceu.
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Lula percebeu os novos tempos, entendeu que havia se esgotado o ciclo de Aloisio Mercadante, Martha Suplicy e, de cima para baixo, impôs a renovação: pessoas com perfil administrativo, sem a pesada carga ideológica dos velhos militantes. Lançou Dilma Rousseff para a presidência e Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo.
FHC não teve o mesmo descortino. Em 2010 bancou a candidatura pesada de Serra à presidência, abortando o voo de Aécio Neves – no único momento em que o cavalo passou encilhado para o ex-governador mineiro. Permitiu que o partido ficasse nas mãos do inexpressivo Sérgio Guerra, fechou os olhos para o potencial de um Antônio Anastasia, governador de Minas, abriu mão das políticas inovadoras do Espírito Santo, perdeu o discurso socialdemocrata.
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Com Aécio demonstrando total falta de vontade de abrir mão da vida pessoal, sem abrir espaço para outras vocações, o PSDB perde o protagonismo.
Passados os efeitos dessas eleições, haverá um rearranjo da política nacional. Encerra-se a geração das diretas, entram outros protagonistas, como o governador de Pernambuco Eduardo Campos ou o prefeito do Rio, Eduardo Paes. E o próprio Anastasia como vice de Campos, se o PSDB tiver juízo.
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