quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MITO DE PAPEL

 
Sob o titulo acima o sociólogo e doutor em Geografia Humana Demétrio Magnoli escreve em "O Globo" de hoje, destilando o seu pensamento dentro daquilo que estamos acostumados a ler na mídia que domina o Brasil nos dias de hoje, apelidada de PIG por muitos leitores das mais variadas condições sociais, que não gostam da tentativa de ter seus pensamentos direcionados por interesses suspeitos.
Diz o sociólogo que "Lula, aos 65 anos, a figura que deixa o Planalto cumpre uma profecia do General Golbery do Couto e Silva, o "mago" da ditadura,segundo ele, que enxergara no sindicalista em ascensão o "homem que destruirá a esquerda no Brasil".
Sobre isto temos que discordar do doutor em Geografia Humana, em primeiro lugar porque quem iniciou o fim da esquerda no Brasil foi Fernando Henrique Cardoso, até disto ele foi capaz.
Primeiro disse que não acreditava em Deus, sentou na cadeira que pertenceria a quem ganhasse a eleição que disputou com Jânio Quadros, perdeu e depois disto "mudou" seu pensamento e afirmava crer em Deus para ganhar as próximas eleições que disputou.
Depois, no governo que conquistou como candidato do PSDB/DEM, rasgou todo o seu discurso radical de esquerda e administrou como um neoliberal, defensor do capitalismo, e na parte social não fez praticamente nada, foi um subserviente do FMI, não merecendo praticamente nenhum reconhecimento mundial, e o pouco que se diz realizado em sua administração se deve a atuação de sua esposa, Dona Ruth Cardoso.
E a tentativa da oposição de querer impor o pensamento de que Lula deve tudo ao que FHC fez é uma utopia, só eles acreditam ou fazem acreditar nisto, o povo não acredita, não adianta, é o caso daquele cara que diz "eu sou o bom", não é ele que tem que dizer, são as pessoas que o conhecem.
Diz Demétrio "Lula foi o expoente do novo movimento sindical aos 30, líder de um partido de massas aos 40, presidente salvacionista aos 60 e virou mito aos 65, no entanto feito de papel. Vive nos ensaios dos intelectuais que se rebaixam voluntariamente à condição de áulicos e nos artigos de jornalistas seduzidos pelas aparências ou atraídos pelas luzes do poder". Quanta bobagem. O doutor Demétrio pensa, aliás como pensam todos os que se julgam maiores do que tudo, os mais qualificados, os mais inteligentes que só ele sabe quem esta certo ou errado, os intelectuais que declararam apoio a Dilma Roussef não merecem reconhecimento algum, desmerecendo pessoas como Leonardo Boff, Chico Buarque, Hugo Carvana, Alcione, Beth Carvalho e tantos outros.
E os jornalistas seduzidos na opinião de Doutor Demétrio? Certamente não são os que atuam nas organizações Globo, no Estadão (veja-se o caso da demissão vergonhosa de Maria Rita Kehl), na Folha de São Paulo, na revista Veja, porque estes, se não tiverem seu pensamento, pelo menos no que escrevem, afinados com os proprietários serão demitidos sumariamente, e os outros escrevem livremente através de seus blogs, onde não são submetidos a situações muitas vezes vergonhosa.
Diz ainda o doutor de Geografia Humana que "as águas que confluem para a mitificação de Lula  partem de dois tributários principais, o primeiro pela vertente dos intelectuais de esquerda que renunciaram às suas convicções básicas, eles retrocederam à trincheira de um antiamericanismo primitivo...".
É preciso que o doutor entenda que os intelectuais de esquerda não são, com certeza, menores do que os intelectuais de direita e que o antiamericanismo de há muito não existe mais, isto é dos tempos da guerra fria, quando os americanos apoiavam a ditadura das elites que estava para ser instalada em 1964, colocando sua 4ª esquadra em prontidão em nossas águas para qualquer eventualidade e, diga-se de passagem, atrasaram o Brasil em 50 anos.
O Doutor Magnoli, deveria pensar um pouco mais ao destilar seu repertório de ofensas à Marilena Chauí que é muito maior do que o sociólogo.
Erra novamente o sociólogo quando levanta o caso da eleição não ser definida no 1º turno, quando fala que um dos fatores determinantes do acontecido foi o ataque à imprensa independente. Mas que independente doutor Demétrio? Nossa imprensa é dependente dos donos dos grandes conglomerados midiáticos, os jornalistas do PIG, para manter seus empregos, escrevem de acordo com seus chefes ou vão para a rua.
Para terminar, a esquerda nunca governou no Brasil, a única vez em que tentou foi com João Goulart que foi cassado por acusações falsas colocadas na mídia golpista, de que o comunismo estaria tomando conta do Brasil, argumento que as elites utilizaram, na falta de outros, para dar o golpe.
FHC, como disse acima, esqueceu seu discurso radical e governou de acordo com os interesses da elite.
Lula, radical com o PT, também esqueceu seu discurso e virou o "Lulinha paz e amor" para conseguir ganhar as eleições, e não o criticamos por ter cortado as asas dos radicais, entendemos que radicalismo não leva a nada.
Mas nós encontramos, contra o pensamento de Doutor Magnoli, países capitalistas que são mais a esquerda do que países assim considerados, em alguns aspectos importantes, que defensores do capitalismo decadente como o nobre doutor, omitem propositadamente. Nos Estados Unidos o mercado de trabalho é valorizado, quem trabalha vive bem, tem seu carro e seu apartamento, o que leva a pessoas de outros países a tentar entrar clandestinamente no País, como os brasileiros assassinados lamentavelmente há poucos dias.
Na Alemanha uma pessoa que precisar ser internada em um hospital é recebida independente de ter plano de saúde ou de ter algo para dar em garantia, é tratada e depois é analisada a questão do pagamento, no Brasil morre na espera. E lá o mercado de trabalho também é valorizado assim como em todos os países capitalistas.
Para o Brasil ser um país capitalista como vocês querem apregoar, em primeiro lugar têm que pagar um salário justo.
Eu apoio um Pais em que todos tenham oportunidades, o trabalho de Dilma terá que ser "hercúleo", distribuir melhor a renda, resolver os problemas de saúde, acabar com a miséria e dar o salto para o futuro através da educação, mas sei que para a direita, isto não é prioridade.
 

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