terça-feira, 1 de novembro de 2011

DEMOCRACIA - FHC E LULA

A democracia brasileira, FHC e Lula


A democracia brasileira, FHC e Lula

Coluna Econômica - 01/11/2011
A notícia da doença de Lula obriga a reflexões sobre a política brasileira. Passados 27 anos da redemocratização, qual o nível atual da democracia brasileira? Como teria sido a democracia, nesse período, sem figuras como Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva?
A notícia provocou euforia em comentaristas e uma virulência ímpar na Internet. Possivelmente o mesmo teria ocorrido se a doença fosse de FHC.
No fundo, o país ainda não conseguiu se livrar de uma herança de violência que remonta o Brasil Colônia.
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Seja por artes da colonização luso-ibérica, a questão é que países como Brasil, Venezuela, Colômbia ostentam uma tradição ímpar de violência e desrespeito aos direitos individuais.
É uma violência que não respeita nem classe social nem classe intelectual e que acabou sendo exacerbada pelas novas ferramentas de Internet e de redes sociais.
A maior parte dos homicídios ocorre em brigas de bar, por temas dos mais fúteis, de discussão de futebol a assuntos sobre mulheres.
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No plano popular, esse tipo de pensamento se manifesta na violência do dia-a-dia, no trânsito, no futebol. No plano político, na maneira como há os embates do dia-a-dia. Na grande mídia, no desrespeito absoluto à reputação de terceiros, submetidos a ataques sem direito à resposta.
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Seja quando o PT era oposição, ou agora – quando a oposição é o PSDB – a retórica política é a mesma: na impossibilidade de conquistar o poder pelo voto, apela-se para toda sorte de expedientes golpistas.
Foi assim logo após o plano Real, quando o discurso da estabilidade econômica era hegemônico, não abrindo espaço para nenhum discurso da oposição. E foi assim nos últimos anos, quando consolidou-se o modelo das novas políticas sociais incluindo milhões de pessoas no mercado.
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A partir do episódio Watergate, a política latino-americana passou por um estágio golpista, onde o papel da mídia e das denúncias tornou-se essencial, independentemente da linha política do presidente de plantão. Foi assim com Carlos Andrés Peres, o Collor da Venezuela, e com o próprio Collor; quase foi assim com FHC, após a maxidesvalorização do real e com Lula, após o mensalão.
Cria-se uma barreira de denúncias, reais ou falsas, inéditas ou, de preferência, já levantadas em inquéritos (portanto, já apuradas) e monta-se a cortina diária de escândalos. Cria-se o movimento de opinião pública. Se o governante não tiver uma boa base política, dança.
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É aí que vêm à tona a imagem dos dois maiores líderes dos últimos vinte anos: FHC e Lula. Como teria sido a democracia brasileira se não estivessem à frente dos seus partidos. Se em lugar de FHC tivesse sido um José Serra, se em lugar de Lula, um radical qualquer, qual teria sido o destino da jovem democracia brasileira?
A violência continua latente, na política e na mídia, no futebol e nos salões mais sofisticados. Graças ao trabalho das últimas décadas, o Brasil tornou-se respeitado no mundo. Falta respeitar-se internamente.
Nessa longa transição rumo à democracia, ainda haverá o devido reconhecimento ao papel de FHC e Lula.
Blog: www.luisnassif.com.br
E-mail: luisnassif@advivo.com.br

O BRASIL QUE ODEIA

Redação Conversa Afiada

RedaçãoConversa Afiada

Câncer do Lula.
O Brasil que odeia

    Publicado em 01/11/2011


O Conversa Afiada reproduz excelente artigo de Maria Inês Nassif, a partir do Blogger:

O JORNALISMO-URUBÚ E A DOENÇA DE LULA


Guia de boas maneiras na política. E no jornalismo

Maria Inês Nassif

A cultura de tentar ganhar no grito tem prevalecido sobre a boa educação e o senso de humanidade na política brasileira. E o alvo preferencial do “vale-tudo” é, em disparada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por algo mais do que uma mera coincidência, nunca antes na história desse país um senador havia ameaçado bater no presidente da República, na tribuna do Legislativo. Nunca se tratou tão desrespeitosamente um chefe de governo. Nunca questionou-se tanto o merecimento de um presidente – e Lula, além de eleito duas vezes pelo voto direto e secreto, foi o único a terminar o mandato com popularidade maior do que quando o iniciou.


A obsessão da elite brasileira em tentar desqualificar Lula é quase patológica. E a compulsão por tentar aproveitar todos os momentos, inclusive dos mais dramáticos do ponto de vista pessoal, para fragilizá-lo, constrange quem tem um mínimo de bom senso. A campanha que se espalhou nas redes sociais pelos adversários políticos de Lula, para que ele se trate no Sistema Único de Saúde (SUS), é de um mau gosto atroz. A jornalista que o culpou, no ar, pelo câncer que o vitimou, atribuindo a doença a uma “vida desregrada”, perdeu uma grande chance de ficar calada.


Até na política as regras de boas maneiras devem prevalecer. Numa democracia, o opositor é chamado de adversário, não de inimigo (para quem não tem idade para se lembrar, na nossa ditadura militar os opositores eram “inimigos da pátria”). Essa forma de qualificar quem não pensa como você traz, implicitamente, a ideia de que a divergência e o embate político devem se limitar ao campo das ideias. Esta é a regra número um de etiqueta na política.


A segunda regra é o respeito. Uma autoridade, principalmente se se tornou autoridade pelo voto, não é simplesmente uma pessoa física. Ela é representante da maioria dos eleitores de um país, e se deve respeito à maioria. Simples assim. Lula, mesmo sem mandato, também o merece. Desrespeitar um líder tão popular é zombar do discernimento dos cidadãos que o apoiam e o seguem. Discordar pode, sempre.


A terceira regra de boas maneiras é tratar um homem público como homem público. Ele não é seu amigo nem o cara com quem se bate boca na mesa de um bar. Essa regra vale em dobro para os jornalistas: as fontes não são amigas, nem inimigas. São pessoas que estão cumprindo a sua parte num processo histórico e devem ser julgadas como tal. Não se pode fazer a cobertura política, ou uma análise política, como se fosse por uma questão pessoal. Jornalismo não deve ser uma questão pessoal. Jornalistas têm inclusive o compromisso com o relato da história para as gerações futuras. Quando se faz jornalismo com o fígado, o relato da história fica prejudicado.


A quarta regra é a civilidade. As pessoas educadas não costumam atacar sequer um inimigo numa situação tão delicada de saúde. Isso depõe contra quem ataca. E é uma péssima lição para a sociedade. Sentimentos de humanidade e solidariedade devem ser a argamassa da construção de uma sólida democracia. Os formadores de opinião tem a obrigação de disseminar esses valores.


A quinta regra é não se deixar contaminar por sentimentos menores que estão entranhados na sociedade, como o preconceito. O julgamento sobre Lula, tanto de seus opositores políticos como da imprensa tradicional, sempre foi eivado de preconceito. É inconcebível para esses setores que um operário, sem curso universitário e criado na miséria, tenha ascendido a uma posição até então apenas ocupada pelas elites. A reação de alguns jornalistas brasileiros que cobriram, no dia 27 de setembro, a solenidade em que Lula recebeu o título “honoris causa” pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, é uma prova tão evidente disso que se torna desnecessário outro exemplo.


No caso do jornalismo, existe uma sexta regra, que é a elegância. Faltou elegância para alguns dos meus colegas.


(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo

ENEM - JULGAMENTOS PRECIPITADOS

Mais uma vez vaza questões no ENEM e, precipitadamente, pessoas fazem uma crítica ao programa que já comprovou ser a melhor opção para a educação em nosso Brasil.
Foram canceladas 13 questões do exame no País, pelo vazamento acontecido em um simulado no Colégio Christus de Fortaleza no Ceará, onde 639 alunos estavam inscritos e suas notas serão dadas com base nas 167 questões não anuladas.
Falamos que as críticas foram formuladas precipitadamente porque milhões de alunos estão participando do exame em todo o País e o vazamento, por falha humana, aconteceu em um colégio onde estavam inscritos apenas 639 alunos.
O programa tem dado provas de que é positivo e não se pode negativizar todo um processo por falhas de algum irresponsável que causa esta polêmica no Brasil inteiro.
Ninguém pode julgar nenhuma instituição como um todo pela falha de um membro, a Polícia Militar ou Civil não pode ser condenada pela falha de um, assim como a Igreja pela falha de um padre ou pastor, ou todos os políticos pelos atos de corrupção que têm surgido, ou todos os empresários pelos pecados do capitalismo neo-liberal que amiúde estão se socorrendo dos governos federais pelos seus desmandos, sua ganância.
Enfim, quem deve ser investigado e condenado é o responsável por atos como estes acontecidos no ENEM, não o programa.

PROFECIA MAIA DE 3113 a.C.

Sete bilhões de chances para sobrevivermos

31/10/2011 14:27,  Nicole Prestes com agências internacionais - de São Paulo  
Antigos astrônomos da América Central, os Maias, profetizaram em 3.113 a.C.  que 5.125 anos no futuro, exatamente no ano de 2012 d.C o sol receberia um intenso raio sincronizado vindo do centro da galáxia, mudando sua polaridade e produzindo uma enorme radiação.
População Mundial
A profecia Maia, passa por sete estágios, o primeiro deles orientávamos que teríamos apenas 13 anos para realizar mudanças e ações conscientes para desviar do caminho da destruição, de 1999 a 2012. Coincidentemente ou não, nesses 13 anos a população mundial chegou a sete bilhões. Historicamente falando, a população na Terra cresceu incondicionalmente em pouco tempo e sem as ações preservativas. Pode não ser na data prevista pelos Maias, mas se o processo de civilização e vivência não se transformar rapidamente, o impacto será muito em breve.
Nossa aldeia global, é atualmente, um mundo de medo, consumo e materialismo exacerbado.  As crises só aumentam, são crises econômicas, políticas e ambientais, e no emaranhado de conflitos, a solução parece cada vez mais utópica.
Estamos vivenciando o quarto regime de mudança no sistema financeiro global, estimulado pela perda total de confiança no modelo anglo-americano das transações orientadas do capitalismo e da economia que o legitima. Com a citação de Albert Einstein, “Não podemos resolver problemas usando o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criamos.”, as esquerdas comprovam a previsão na tese de Marx, que de o capitalismo é inviável e destrutivo.
Já as direitas, reafirmam o ideal neoliberalista de que as oportunidades podem ser alcançadas por todos e acreditam no crescimento econômico de países emergentes para recuperar o sistema de capital. Criam uma ilusão de igualdade, como se a crise fosse a oportunidade de crescimento esperado pelos que, até então, viviam as margens das nações imperialistas.
A era da tecnologia, o ápice do desenvolvimento tecnológico, ainda se apresenta de forma desigual e injusta. Essa concentração populacional é historicamente inigualável na questão do poder econômico, consequentemente da exploração devastadora de recursos humanos e naturais. Segundo dados publicados pela ONU este ano, 20% da população mundial consomem 80% dos recursos naturais disponíveis na Terra. Se os 80% da demografia excedente fossem “retirados” do mundo a estrutura do ecossistema seria aniquilada pelo consumo e desperdício excessivo do sistema capitalista. Além disso, a ONU divulgou esse ano também, os dados: cerca de 1,1 bilhão de pessoas sobrevivem com menos de US$1 por dia, 2,8 bilhões subsistem com menos de US$2 por dia e 1 bilhão de crianças no mundo são vítimas da pobreza e insegurança alimentar.
Os colapsos climáticos e escassez de recursos naturais são drásticos, por exemplo, o inevitável término do petróleo pelo esgotamento gradual do recurso. A consequência será a apropriação de outros recursos e alternativas, mas dificilmente sem conflitos, possivelmente até uma guerra. Aliás, esse será mais um, dentre todos os problemas presentes no Oriente Médio, que vive crise políticas e ideológicas há anos. Nos mais recentes, as manifestações pela queda de regimes ditatoriais geraram intervenção de vários países, inclusive, mais uma vez, os EUA, que supostamente auxiliam em conflitos armados, só que sempre visando o interesse de seu país sobre o auxiliado.
É óbvio que com situações desesperadoras os indignados se manifestem. O movimento chamado “Ocupa Wall Street”, um acampamento de insatisfeitos com as providências do governo norte-americano com a crise começou em Wall Street e já conquistou vários adeptos em cidades do mundo. O Oriente Médio está tomando por manifestações pedindo por democracia e paz. O movimento contra corrupção no Brasil cresce cada vez mais em seus protestos. No Chile, estudantes enchem as ruas exigindo educação gratuita e de qualidade.
Essas manifestações sociais são cruciais para mudar nossa visão de mundo, reeducar uma cultura, enfatizando a necessidade de cooperação social, que respeita a sustentabilidade ecológica, que evite consumismo e desperdício exagerado, assim como usar corretamente as tecnológicas criadas e que essas sejam voltadas a busca de uma consciência igualitária.
As mudanças, só serão vistas como imediatas pelos governantes e classes dominantes, quando o povo se conscientizar de seu direito de exigência. Mas, principalmente para que os sete bilhões de pessoas tornem o ilusório em realidade. Se os Maias estiverem corretos, temos exatamente um ano para isso e mesmo que não estejam o tempo é curto.
Nicole Prestes é estudante de Jornalismo, no 4º semestre da Universidade Paulista

O CÂNCER DO PRECONCEITO

Eu, o SUS, a ironia e o mau gosto

by Nina Crintzs

Há seis anos atrás eu tive uma dor no olho. Só que a dor no olho era, na verdade, no nervo ótico, que faz parte do sistema nervoso. O meu nervo ótico estava inflamado, e era uma inflamação característica de um processo desmielinizante. Mais tarde eu descobri que a mielina é uma camada de gordura que envolve as células nervosas e que é responsável por passar os estímulos elétricos de uma célula para a outra. Eu descobri também que esta inflamação era causada pelo meu próprio sistema imunológico que, inexplicavelmente, passou a identificar a mielina como um corpo estranho e começou a atacá-la. Em poucas palavras: eu descobri, em detalhes, como se dá uma doença-auto imune no sistema nervoso central. Esta, específica, chama-se Esclerose Múltipla. É o que eu tenho. Há seis anos.
Os médicos sabem tudo sobre o coração e quase nada sobre o cérebro – na minha humilde opinião. Ninguém sabe dizer porque a Esclerose Múltipla se manifesta. Não é uma doença genética. Não tem a ver com estilo de vida, hábitos, vícios. Sabe-se, por mera observação estatística, que mulheres jovens e caucasianas estão mais propensas a desenvolver a doença. Eu tinha 26 anos. Right on target.
Mil médicos diferentes passaram pela minha vida desde então. Uma via crucis de perguntas sem respostas. O plano de saúde, caro, pago religiosamente desde sempre, não cobria os especialistas mais especialistas que os outros. Fui em todos – TODOS – os neurologistas famosos – sim, porque tem disso, médico famoso – e, um por um, eles viam meus exames, confirmavam o diagnóstico, discutiam os mesmos tratamentos e confirmavam que cura, não tem. Minha mãe é uma heroína – mãos dadas comigo o tempo todo, segurando para não chorar. Ela mesma mais destruída do que eu. E os médicos famosos viam os resultados das ressonâncias magnéticas feitas com prata contra seus quadros de luz – mas não olhavam para mim. Alguns dos exames são medievais: agulhas espetadas pelo corpo, eletrodos no córtex cerebral, “estímulos” elétricos para ver se a partes do corpo respondem. Partes do corpo. Pastas e mais pastas sobre mesas com tampos de vidro. Colunas, crânio, córneas. Nos meus olhos, mesmo, ninguém olhava.
O diagnóstico de uma doença grave e incurável é um abismo no qual você é empurrado sem aviso. E sem pára-quedas. E se você ta esperando um “mas” aqui, sinto lhe informar, não tem. Não no meu caso. Não teve revelação divina. Não teve fé súbita em alguma coisa maior. Não teve uma compreensão mais apurada das dores do mundo. O que dá, assim, de cara, é raiva. Porque a vida já caminha na beirada do insuportável sem essa foice tão perto do pescoço. Porque já é suficientemente difícil estar vivo sem esta sentença se morte lenta e degradante. Dá vontade de acreditar em Deus, sim, mas só se for para encher Ele de porrada.
O problema é que uma raiva desse tamanho cansa, e o tempo passa. A minha doença não me define, porque eu não deixo. Ela gostaria muitíssimo de fazê-lo, mas eu não deixo. Fiz um combinado comigo mesma: essa merda vai ter 30% da atenção que ela demanda. Não mais do que isso. E segue o baile. Mas segue diferente, confesso. Segue com menos energia e mais remédios. Segue com dias bons e dias ruins – e inescapáveis internações hospitalares.
A neurologista que me acompanha foi escolhida a dedo: ela tem exatamente a minha idade, olha nos meus olhos durante as minhas consultas, só ri das minhas piadas boas e já me respondeu “eu não sei” mais de uma vez. Eu acho genial um médico que diz “eu não sei, vou pesquisar”. Eu não troco a minha neurologista por figurão nenhum.
O meu tratamento custaria algo em torno de R$12.000,00 por mês. Isso mesmo: 12 mil reais. “Custaria” porque eu recebo os remédios pelo SUS. Sabe o SUS?! O Sistema Único de Saúde? Aquele lugar nefasto para onde as pessoas econômica e socialmente privilegiadas estão fazendo piada e mandando o ex-presidente Lula ir se tratar do recém descoberto câncer? Pois é, o Brasil é o único país do mundo que distribui gratuitamente o tratamento que eu faço para Esclerose Múltipla. Atenção: o ÚNICO. Se isso implica em uma carga tributária pesada, eu pago o imposto. Eu e as outras 30.000 pessoas que tem o mesmo problema que eu. É pouca gente? Não vale a pena? Todos os remédios para doenças incuráveis no Brasil são distribuídos pelo SUS. E não, corrupção não é exclusividade do Brasil.
O maior especialista em Esclerose Múltipla do Brasil atende no HC, que é do SUS, num ambulatório especial para a doença. De graça, ou melhor, pago pelos impostos que a gente reclama em pagar. Uma vez a cada seis meses, eu me consulto com ele. É no HC que eu pego minhas receitas – para o tratamento propriamente dito e para os remédios que uso para lidar com os efeitos colaterais desse tratamento, que também me são entregues pelo SUS. O que me custaria fácil uns outros R$2.000,00.
Eu acredito em poucas coisas nessa vida. Tenho certeza de que o mundo não é justo, mas é irônico. E também sei que só o humor salva. Mas a única pessoa que pode fazer piada com a minha desgraça sou eu – e faço com regularidade. Afinal, uma doença auto-imune é o cúmulo da auto-sabotagem.
Mas attention shoppers: fazer piada com a tragédia alheia não é humor, é mau gosto. É, talvez, falha de caráter. E falar do que não se conhece é coisa de gente burra. Se você nunca pisou no SUS – se a TV Globo é a referência mais próxima que você tem da saúde pública nacional, talvez esse não seja exatamente o melhor assunto para o seu, digamos, “humor”.
Quem me conhece sabe que eu não voto – não voto nem justifico. Pago lá minha multa de três reais e tals depois de cada eleição porque me nego a ser obrigada a votar. O sistema público de saúde está longe de ser o ideal. E eu adoraria não saber tanto dele quanto sei. O mundo, meus amigos, é mesmo uma merda. Mas nós estamos todos juntos nele, não tem jeito. E é bom lembrar: a ironia é uma certeza. Não comemora a desgraça do amiguinho, não.